Sacolas plásticas, garrafas de água, cápsula de café, bandeja de isopor e fraldas —muitas fraldas.
A performance “Homem Refluxo”, em que o artista Peri Pane guarda todo o lixo que produziu durante uma semana em uma capa transparente, ainda recebe a mesma reação do público após 15 anos, afirma o seu criador.
“Continua sendo uma performance atual. Não conseguimos, nem de longe, chegar a uma solução para o lixo”, diz ele, que já levou a apresentação para Itália e Espanha.
Peri reconhece que há atitudes novas, como a busca por composteiras e compras a granel, por exemplo. Porém, para ele, a questão dos resíduos que produzimos preocupa “uma bolha muito pequena”.
De 2003 para hoje, o peso do ParangoLixoLuxo —como é chamada a capa criada pela artista plástica Marina Reis— aumentou de 6 para 7,8 kg. A maior parte é de fraldas, afirma o artista, que tem um filho, Martin, de um ano e três meses.
“Essa é uma equação que eu ainda não consegui resolver”, diz. Peri tentou adotar o uso de fraldas de pano, mas as frequentes trocas e o tempo gasto na lavagem e secagem foram desanimadores.
Além de se sentir corresponsável pelo lixo que o filho produz, o artista afirma que a paternidade fez o problema ambiental parecer mais urgente.
“Tento imaginar como vai ser lá na frente, se ele vai habitar em um mundo do tipo Mad Max”, diz, em referência à série pós-apocalíptica do diretor George Miller.
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