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Cinema

Abjeto, 'O Manicômio' brinca com nazismo e só assusta os predispostos

Filme acéfalo junta infantilidade de youtubers em trama que chega a ser ofensiva

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O Manicômio

  • Quando Estreia nesta quinta (03)
  • Elenco Nilam Farooq, Farina Flebbe, Sonja Gerhardt
  • Produção Alemanha, 2018
  • Direção Michael David Pate

Na Alemanha, na virada da década de 1910 para a de 1920, surge o expressionismo alemão, um dos movimentos cinematográficos mais importantes da sétima arte, que arrastou seus tentáculos para além de Caligari e influenciou Hollywood até pelo menos os anos 1950.

Um século depois, surge um filme alemão de terror influenciado pelo pior do horror hollywoodiano. Aquele que é refém de sustos fáceis e de personagens estúpidos.

Cena do filme 'O Manicômio'
Cena do filme 'O Manicômio' - Divulgação

Trata-se de "O Manicômio", de Michael David Pate, um desses filmes que, sabe-se lá por quê, as distribuidoras resolvem desovar de tempos em tempos (ultimamente, em muitos tempos).

No filme, youtubers berlinenses rivais resolvem se unir para um desafio de medo: passar 24 horas em um antigo sanatório onde se faziam experimentos com tuberculosos durante o nazismo. O sanatório hoje é tido como um casarão mal assombrado.

Ou seja, junte a infantilidade desses youtubers que não saíram da adolescência com a ideia mais esdrúxula que poderiam ter, ainda por cima desrespeitando as vítimas de um passado inglório que está sempre prestes a retornar.

Logo a infantilidade, sobretudo da dupla Prankstaz e da "bonequinha de porcelana" (como ela mesma se define) que atende por Bettyful, num trocadilho adolescente com "beautiful", dará lugar ao medo profundo.

Uma youtuber claustrofóbica, Marnie, junta-se a eles, sendo o mais próximo que temos de uma protagonista. Um outro rapaz junta-se também, mas este não diz muito para que foi.

Tudo isso é visto em modo reality show. Porque hoje ser cinema já não basta. Um filme deve ser também um game, uma história em quadrinhos, um portfólio de efeitos especiais ou um reality show.

O que vemos é filmado por câmeras pertencentes aos personagens, um material montado de forma aleatória, que explicita a falta de cuidado com uma cronologia minimamente lógica e não faz questão de esconder as inúmeras operações falsas deste jogo.

O resultado é um filme acéfalo, que pode até assustar quem for predisposto a ser assustado, ou assusta com os truques baixos de sempre, mas não arranha a superfície das possibilidades que o tema "mansão mal assombrada" abre para o gênero.

Numa época em que nada mais choca, mas tudo pode ofender, os youtubers teriam suas razões para reclamar da maneira como foram retratados neste filme. Mas ofensivo mesmo é a maneira como brinca com o terror real do nazismo como forma de adquirir um ar de seriedade. Chega a ser abjeto.

Lamentamos ainda que o filme seja lançado apenas em cópias dubladas, o que é um tremendo desrespeito com boa parte dos inúmeros fãs de horror.

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