Após crise, Theatro Municipal terá seu 6º presidente em quatro anos

Aldo Mussi foi nomeado por Wilson Witzel para dirigir a instituição em caráter interino

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Vista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ)

Vista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) José Lucena/Futura Press/Folhapress

São Paulo

Foi publicada nesta terça (8), no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, a nomeação de Aldo Mussi para exercer, em caráter interino, a presidência do Theatro Municipal carioca. 

Mussi, que já ocupou o posto de subsecretário de Cultura do estado, será o sexto presidente da fundação em quatro anos. Ele assume no lugar de Ciro Pereira da Silva, ex-chefe de gabinete da fundação, que ficou no cargo por dois meses. 

Procurada, a assessoria de imprensa da pasta estadual informou que a troca se deve apenas à mudança de gestão, com Wilson Witzel tendo assumido o cargo de governador em janeiro. 

A partir da esq., Fernando Bicudo, a bailarina Ana Botafogo, o presidente interino Aldo Mussi e o ex-presidente, Ciro Pereira Silva
A partir da esq., Fernando Bicudo, a bailarina Ana Botafogo, o presidente interino Aldo Mussi e o ex-presidente, Ciro Pereira Silva - Divulgação/Teatro Municipal do Rio

Mussi acumulará outras funções, a vice-presidência do Theatro Municipal e o cargo de diretor interino da Sala Cecília Meireles.

Outra mudança se deve ao convite feito ao diretor André Heller-Lopes e ao maestro Luiz Fernando Malheiro para que sejam responsáveis por comandar a parte artística do Municipal. O primeiro se ocupará da direção artística, e o segundo será responsável pela direção musical. 

À reportagem, Heller-Lopes confirmou o convite. "Eu e Malheiro estamos conversando todo dia e tomando ciência de toda situação", disse, completando que ambos estão  "muito animados em poder ajudar" a instituição. 

O Theatro Municipal vem se recuperando de uma forte crise que se arrastou por cerca de dois anos, reflexo da decadência econômica e política do estado do Rio de Janeiro como um todo.

A irregularidade no pagamento de salários no teatro começou no final de 2015, inicialmente apenas atrasando o dia do recebimento, até que os vencimentos começaram a se acumular. A instituição encerrou 2017 com funcionários endividados e artistas frustrados, após um ano sem apresentar nenhuma grande obra.

Muitos tiveram que recorrer a trabalhos extras para complementar a renda, e parte chegou a receber cestas básicas arrecadadas em campanha. No ano retrasado, os servidores fizeram ao menos três protestos na escadaria da casa para chamar a atenção para a situação.

Os salários só foram regularizados pelo estado em janeiro de 2018, duas semanas depois que Bicudo entrou na presidência. Ele foi escolhido após a bailarina Ana Botafogo recusar o posto por não ter recebido do governo Pezão a garantia de que os pagamentos seriam feitos.

Nos últimos quatro anos, a instituição teve seis presidentes. Nenhum ficou mais do que 19 meses no cargo.

No período, foram presidentes da fundação o maestro Isaac Karabtchevsky (janeiro a jununho de 2015), o compositor João Guilherme Ripper (junho de 2015 a fevereiro de 2017) e os secretários de Cultura André Lazaroni (março a novembro de 2017) e Leandro Monteiro (novembro de 2017 a janeiro de 2018).

Logo depois, quem assumiu foi o economista e produtor cultural carioca Fernando Bicudo, exonerado em novembro.  Segundo o jornal O Globo informou à época, a exoneração teria ocorrido depois de uma discussão entre ele e o então secretário de Cultura,  Leandro Monteiro.

O secretário teria pedido que Bicudo emprestasse o teatro de graça para a associação filantrópica Legião da Boa Vontade, para uma apresentação do Corpo de Bombeiros -Monteiro é coronel da corporação.

Bicudo, porém, teria dito que só o faria com aprovação do governador Fernando Pezão (MDB), irritando Monteiro. Os dois já haviam se desentendido antes por problemas com o repasse de verbas para a fundação.

Os presidentes anteriores do Theatro Municipal do Rio

Isaac Karabtchevsky 
Período: janeiro a junho de 2015
Por que saiu: pediu demissão após atrito

João Guilherme Ripper
Período: junho de 2015 a fevereiro 2017
Por que saiu: foi demitido

Milton Gonçalves
Período: fevereiro a março de 2017
Por que saiu: não chegou a assumir; seu nome foi descartado por conflito de interesses

André Lazaroni 
Período: março a novembro de 2017
Por que saiu: foi exonerado da secretaria para voltar à função de deputado estadual

Leandro Monteiro 
Período: novembro de 2017 a janeiro de 2018
Por que saiu: assumiu até Bicudo aceitar o cargo

Fernando Bicudo
Período: janeiro a novembro de 2018
Por que saiu: foi exonerado após atrito

Ciro Pereira da Silva
Período: assumiu em novembro de 2018 e ficou até janeiro de 2019

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.