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Backstreet Boys somam a segundo escalão de sua discografia em 'DNA'

Novo álbum não é esquecível como maior parte dos discos do grupo e, forjado na maturidade, entrega quatro ótimas canções

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São Paulo

DNA

  • Preço R$ 39,90; disponível nas plataformas de streaming a partir de 25/1
  • Autor Backstreet Boys
  • Gravadora Sony Music

Daqui a 25 anos, “DNA”, o disco que marca o retorno dos Backstreet Boys, será provavelmente lembrado como um trabalho de segundo escalão na discografia do grupo.

Se assim acontecer, terá sido uma vitória.

Afinal, quando se analisa os oito discos anteriores da boy band, o que se vê é um cenário bastante irregular.

Os três primeiros álbuns, “Backstreet Boys” (1996), “Backstreet’s Back” (1997) e “Millennium” (1999), poderiam ser apresentados a um alienígena interessado em saber o que os terráqueos mais ouviam no fim do século 20.

Hits daqueles trabalhos, como “Quit Playin’ Games (With My Heart)”, “As Long as You Love Me” e “Larger than Life”, captaram o zeitgeist da música pop de então e povoaram sonhos de mais de uma geração de adolescentes.

Acionaram uma máquina de réplicas (‘N Sync, Westlife, Jonas Brothers) que parecia não ter fim —e, de certa forma, não teve mesmo, como mostra o k-pop sul-coreano— e influenciaram até grupos de pop rock das décadas , como Maroon 5 e ​Coldplay

Os cinco lançamentos seguintes, contudo, foram direto para a gaveta dos dispensáveis; o grupo perdia fôlego e era pouco a pouco escanteado das paradas.

Com arranjos maduros e boas melodias, esse novo disco inaugura, portanto, uma segunda divisão na discografia dos Backstreet Boys.

Do trabalho são marca principal as arquiteturas vocais bem trabalhadas, sobre as quais se erguem letras a respeito da passagem do tempo e de relacionamentos.

 

Essas palavras, contudo, versam mais DRs (as discussões de relacionamentos) do que flertes ou ficadas. Ao encontro do momento família, os ora senhores deixam de implorar “fique comigo, seremos felizes para sempre” e passam a cantarolar algo como “vamos fazer as pazes e viajar sem as crianças?”.

O grupo também abraça o tempo corrido na sonoridade, agregando inovações como os graves estouradões de “Don’t Go Breaking My Heart” e a ambientação dramática e meio pós-indie de “Chances”, canções não por acaso antecipadas como singles.

Instrumentais soam mais modernos, que o diga o baixo distorcido de “New Love”, de atmosfera provocante como só se poderia esperar de boys crescidinhos. A pegada sexual se repete nas guitarras de “Passionate”, que lembram as de Nile Rodgers em “Get Lucky”, o hit da dupla francesa Daft Punk que tomou as paradas em 2013.

São bons sinais de que o conjunto não se contenta em lançar biscoitos nostálgicos ao público cativo e está atento ao que há de melhor nas referências que o sucederam.

Outro destaque do novo disco é “No Place”, cujo videoclipe serve de cartão de visitas dos “Backstreet Men”.

Nele, Nick Carter, 38, A.J. McLean, 41, Brian Littrell, 43, Howie Dorough, 45, e Kevin Richardson, 47, estampam suas faces amadurecidas em cenas caseiras com mulheres e filhos, no melhor estilo “maridão-apaixonado-pai-de-dois”.

Essas quatro músicas são as mais instigantes do novo trabalho. As oito restantes lembram os esforços menos inspirados dos últimos 15 anos. No mais, são baladas românticas de melodias repletas de falsetes e letras não recomendadas a ouvintes diabéticos —é assim em “Just Like U Like It” e “Is It Just Me”.

Embora dificilmente vá enternecer em massa os corações do público nascido após o auge do grupo, o resultado final é suficiente para divertir novinhos e novinhas na balada e alegrar ouvintes veteranos.

Não só pela lembrança dos tempos de outrora, mas também pela identificação —como os cantores, aqueles ex-adolescentes cresceram e hoje veem a seu redor cônjuges, filhos, sobrinhos, bichos de estimação, boletos a pagar.

Daí que “DNA” talvez não embale esquentas com refrigerante e vodca na porta da boate, mas possa servir de trilha para preparar o jantar bem acompanhado (a); está de bom tamanho.

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