Descrição de chapéu Cinema

Curtas de Nara Normande inauguram sessão do formato em São Paulo

Espaço Itaú de Cinema pretende fixar programação em seis capitais e em Brasília

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A vantagem do curta-metragem é a mesma da de um conto. Se você não está gostando, ao menos não levará muito tempo para terminar. É sempre esse o alívio, ou a tristeza, no caso de se estar gostando.

Os curtas são importantes na formação de cineastas e até mesmo concorrem ao Oscar, mas é muito difícil ter acesso a eles numa sala de projeção. Costumam ser renegados à web, festivais ou a aberturas de filmes, a maioria, infantis.

O Espaço Itaú de Cinema pretende manter sessão fixa para curtas-metragens brasileiros em sua programação em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Salvador.

Começa nesta semana com a sessão Guaxuma e Outras Histórias que reúne, em cerca de uma hora, três curtas da alagoana Nara Normande.

Cena da animação 'Guaxuma', exibida na 22ª Mostra de Tiradentes
Cena da animação 'Guaxuma', de Nara Normande - Divulgação

No filme mais recente, justamente "Guaxuma", do ano passado, temos uma espécie de autobiografia. Com técnicas de animação em areia, esculturas também de areia e stop-motion de bonecos, a obra acompanha a história de uma menina nascida numa comunidade um tanto hippie que perde sua melhor amiga.

Há fotos de família, além de desenhos e efeitos que remetem ao mar, como conchas que fazem o lugar dos seios que crescem nas adolescentes.

O filme levou prêmios em festivais como Anima Mundi, de Gramado, Brasília, e no de curtas de São Paulo.

É poético, narrado em primeira pessoa, engraçado e cativante. As animações são bonitas, como a de muitas fotos parecidas de plantação de beira de estrada que se sobrepõem quando a jovem abandona a praia e vai morar na cidade grande.

Mas o ponto alto da sessão é "Sem Coração", de 2014, o único que não é animação. Ainda no universo da praia, vemos meninos que passam férias à beira-mar e descobrem, de um jeito bastante torto e um tanto equivocado, o amor e o sexo.

É um filme convincente, com belas imagens de mergulhos no mar. Nesse calor que faz em São Paulo, é quase um filme refrescante, não fosse a sensação de asfixia da menina, a Sem Coração, que prende a respiração no mar e ofega numa piscina vazia enquanto os meninos a olham.

O curta de 25 minutos foi exibido em diversos festivais internacionais, como a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, e premiado em outros tantos.

"Dia Estrelado", o primeiro curta de Normande, de 2011, já é um pouco tedioso. A animação em stop motion que usa materiais reconhecíveis, como telas de proteção recortadas, tecidos e botões, tem a sua graça, é um filme bonito.

Mas com personagens que não falam e imagens como a de um menino que rega uma flor no sertão com suas lágrimas, faz lembrar algumas das animações dos anos 1990 da grade da TV Cultura.

A aposta do Espaço Itaú numa sessão de curtas é interessante, tem preço convidativo (R$ 14), considerando-se os valores astronômicos dos ingressos. Resta saber como será a concorrência por salas e horários nesta época do ano com os filmes do Oscar.

Cinema
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.