Globo de Ouro deve privilegiar brilho e trabalho de veteranos neste domingo

Cerimônia da noite deste domingo dá largada à temporada de premiações

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

​​Para que serve o Globo de Ouro? Concedido por uma obscura associação de imprensa, ele não tem o mesmo prestígio que o Oscar, no cinema, ou o Emmy, na TV. 

Em 76 anos de existência, a premiação escancarou equívocos e deixou pairar nuvens de suspeitas sobre a entidade que o organiza. Hoje arruinado por acusações de abuso sexual, Harvey Weinstein já era criticado por oferecer agrados a esse grupo de cerca de 90 jornalistas estrangeiros que vivem em Los Angeles.
Num aspecto, contudo, o prêmio se mostra relevante. 

Darren Criss em cena de "O Assassinato de Gianni Versace", da série "American Crime Story"
Darren Criss em cena de "O Assassinato de Gianni Versace", da série "American Crime Story" - Divulgação

Bem antes que as séries da televisão a cabo chegassem ao seu auge e o streaming ganhasse força, seriados e telefilmes já eram contemplados na cerimônia, com astros hollywoodianos tendo de dividir holofotes com as então menos célebres estrelas da TV. 

Hoje, com as fronteiras mais borradas entre telona e telinhas e a plena migração de atores entre os dois tipos de plataforma, o Globo de Ouro se impõe como o grande farol do audiovisual mainstream. 

A cerimônia, que acontece neste domingo (6), marca também a largada da época de premiações, que culminará no Oscar, em 24 de fevereiro.

Os membros da Academia, aliás, estão depositando os votos nesse período, o que significa que o fuzuê em torno dos vencedores da noite pode favorecê-los a semanas daqui.

As escolhas do Globo de Ouro raramente fogem à regra de exaltar o brilho em detrimento da qualidade artística. 

Isso significa que, em cinema, o terceiro remake de “Nasce uma Estrela” desponta favorito como filme dramático. E que Lady Gaga deve ser premiada como atriz por seu desempenho no longa. Difícil imaginar que a associação da imprensa estrangeira vá deixar passar a chance de pôr a cantora no palco.

Falando em música, o Freddie Mercury que Rami Malek interpretou em “Bohemian Rhapsody” é barbada na categoria de ator dramático. 

Nas divisões cômicas, o road movie sobre racismo “Green Book” e a sátira da corte “A Favorita” devem concentrar as estatuetas. O mexicano “Roma”, ao que tudo indica, faturará o prêmio de direção e é ainda o mais forte concorrente em longa estrangeiro.

A comédia cáustica “Vice”, que desanca o governo de George W. Bush, perdeu força desde que, em dezembro,  deslanchou com o maior número de indicações da edição. 

Ainda assim, Christian Bale, que imita os trejeitos do ex-vice Dick Cheney debaixo de pesada maquiagem, não está descartado. Além do brilho, o Globo de Ouro sempre privilegiou transformações físicas.

Talvez venham do diretor Alfonso Cuarón, de “Roma”, comentários sobre a crise migratória que bate à porta dos Estados Unidos e eventuais farpas a Donald Trump. Ou de Jeff Bridges, entusiasta do Partido Democrata e que será o homenageado da noite.

Até por a festa desta noite ser bem servida de álcool, os discursos costumam ser mais divertidos dos que o do Oscar. 

Os indicados nas categorias dedicadas à televisão parecem refletir uma comemoração inédita do setor. Veteranos estrelados do cinema agora despontam como candidatos favoritos em produções que são dedicadas à telinha. 

Michael Douglas, por exemplo, está em “O Método Kominsky”, da Netflix, uma comédia sensível sobre a velhice. 

O protagonista é um ator decadente que, como o próprio afirma em um dos episódios, foi rejeitado por Hollywood depois de ter tido uma carreira promissora nos maiores estúdios de cinema dos EUA. 

Bom lembrar que Douglas brilhou em clássicos dos anos 1980 e 1990, como “Atração Fatal” e “Instinto Selvagem”. Não sumiu propriamente, mas foi engolido pelos enlatados.

Agora concorre como melhor ator de comédia, e a história que lhe dá palco está indicada na categoria melhor série cômica, com grande chance. Ele faz par com Alan Arkin, outro ator da velha guarda.

Na mesma cerimônia, Julia Roberts disputa por “Homecoming” (Amazon Prime), que foi indicada ainda como melhor série dramática. É um marco na carreira de uma atriz vencedora de um Oscar em 2001 (por “Erin Brockovich”), estreando como protagonista de impacto na TV.

Roberts tem uma concorrente forte. Sandra Oh tem toda a chance de levar a estatueta por “Killing Eve”, da BBC, exibida no Brasil pela Globoplay. A série mostra Oh como uma espiã na caça de uma 
serial killer (Jodie Comer).

“American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace” (Fox Premium) é uma boa aposta entre as melhores séries limitadas e tem igualmente elenco de cinema: Édgar Ramírez, Penélope Cruz, Ricky Martin e Darren Criss. Este último concorre como melhor ator neste formato.Também é a série com mais  indicações entre obras para a TV. Disputa quatro troféus.

A pluralidade de canais e de temas contemplados é outro marco neste Globo de Ouro. Netflix e HBO costumam sair da disputa com o maior número de prêmios, mas desta vez a Amazon Prime —e as produções da FX, especialmente— ganharam terreno. 

Destaca-se aqui, por sua sexta e última temporada, o título “The Americans” (da FX), indicado nas categorias melhor série de drama, melhor ator (Matthew Rhys) e melhor atriz (Keri Russell). 

A série tem como protagonistas dois espiões russos que, nos anos 1980, precisam forjar a vida de um casal comum nos Estados Unidos. 

Globo de Ouro
Dom (6), às 23h, na TNT

 

Veja a lista completa de indicados ao Globo de Ouro 

CINEMA

Melhor filme de drama
“Infiltrado na Klan”, de Spike Lee
“Bohemian Rhapsody”, de Bryan Singer
"Se a Rua Beale Falasse", de Barry Jenkins
"Nasce uma Estrela", de Bradley Cooper
"Pantera Negra", de Ryan Coogler

Melhor ator de drama
Bradley Cooper, por “Nasce uma Estrela”
Willem Dafoe, por “No Portal da Eternidade”
Rami Malek, por “Bohemian Rhapsody”
John David Washington, por “Infiltrado na Klan”
Lucas Hedges, por "Boy Erased: Uma Verdade Anulada"

Melhor atriz de drama
Glenn Close, por “A Esposa”
Lady Gaga, por “Nasce uma Estrela”
Nicole Kidman, por “O Peso do Passado”
Melissa McCarthy, por “Poderia Me Perdoar?”
Rosamund Pike, por "A Private War"

Melhor filme de comédia ou musical
"Podres de Ricos", de Jon M. Chu
​"A Favorita", de Yorgos Lanthimos
"Green Book: O Guia", de Peter Farrelly
"O Retorno de Mary Poppins", de Rob Marshall
"Vice", de Adam McKay

Melhor ator de comédia ou musical
Christian Bale, por “Vice”
Lin-Manuel Miranda, por “O Retorno de Mary Poppins”
Viggo Mortensen, por “Green Book: O Guia”
Robert Redford, por “The Old Man & the Gun”
John C. Reilly, por "Stanb & Ollie"

Melhor atriz de comédia ou musical
Emily Blunt, por “O Retorno de Mary Poppins”
Olivia Colman, por “A Favorita”
Elsie Fisher, por “Oitava Série”
Constance Wu, por “Podres de Ricos”
Charlize Theron, por “Tully”

Melhor diretor
Bradley Cooper, por “Nasce uma Estrela”
Alfonso Cuarón, por “Roma”
Peter Farrelly, por “Green Book: O Guia”
Spike Lee, por “Infiltrado na Klan”
Adam McKay, por “Vice”

Melhor ator coadjuvante
Mahershala Ali, por “Green Book: O Guia”
Timothée Chalamet, por “Querido Menino”
Richard E. Grant, por “Poderia me Perdoar?”
Sam Rockwell, por “Vice”
Adam Driver, por “Infiltrado na Klan”

Melhor atriz coadjuvante
Amy Adams, por “Vice”
Claire Foy, por “Primeiro Homem”
Regina King, por “Se a Rua Beale Falasse”
Emma Stone, por “A Favorita”
Rachel Weisz, por “A Favorita”

Melhor animação
“Os Incríveis 2”, de Brad Bird
“Ilha dos Cachorros”, de Wes Anderson
“WiFi Ralph: Quebrando a Internet”, de Phil Johnston e Rich Moore
“Homem-Aranha no Aranhaverso”, de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
"Mirai no Mirai", de Mamoru Hosoda

Melhor filme estrangeiro
“Cafarnaum”, de  Nadine Labaki (Líbano)
“Girl”, de Lukas Dhont (Bélgica)
“Werk Ohne Autor” ("Never Look Away"), de Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha)
“Roma”, de Alfonso Cuarón (México)
"Assunto de Família", de Hirokazu Kore-eda (Japão)

Melhor roteiro
“A Favorita”
“Green Book: O Guia”
“Se a Rua Beale Falasse”
“Roma”
“Vice”

Melhor trilha sonora
“Um Lugar Silencioso”
“Ilha dos Cachorros”
“Pantera Negra”
“Primeiro Homem”
“O Retorno de Mary Poppins”

Melhor canção
“All the Stars” , de "Pantera Negra"
“Girl in the Movies”, de “Dumplin’”
“Requiem for a Private War", de "A Private War"
"Revelation", de "Boy Erased"
" Shallow ", de "Nasce uma Estrela"

Melhor série de drama
“Homecoming”
“Killing Eve”
“Pose”
“The Americans”
"Bodyguard"

Melhor série de comédia
“Barry”
“The Good Place”
“Kidding”
“The Marvelous Mrs. Maisel”
“The Kominsky Method”

 TELEVISÃO

Melhor telefilme ou minissérie
"The Alienist"
“American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace”
“Escape at Dannemora”
“Sharp Objects”
“A Very English Scandal”

Melhor ator em série de drama
Matthew Rhys, “The Americans”
Jason Bateman, “Ozark”
Billy Porter, "Pose"
Stephan James, "Homecoming"
Richard Madden, "Bodyguard"

Melhor atriz em série de drama
Elisabeth Moss, “The Handmaid’s Tale”
Sandra Oh, “Killing Eve”
Julia Roberts, “Homecoming”
Keri Russell, “The Americans”
Caitriona Balfe, “Outlander”

Melhor ator em série de comédia 
Sacha Baron Cohen, “Who Is America?” 
Jim Carrey, “Kidding”
Michael Douglas, “The Kominsky Method”
Donald Glover, “Atlanta”
Bill Hader, “Barry”

Melhor atriz em série de comédia
Kristen Bell, "The Good Place" 
Candice Bergen, "Murphy Brown"
Alison Brie, “GLOW”
Rachel Brosnahan, “The Marvelous Mrs. Maisel”
Debra Messing, “Will & Grace”

Melhor ator em telefilme ou minissérie
Antonio Banderas, “Genius: Picasso”
Daniel Brühl, "The Alienist"
Darren Criss, “The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story”
Benedict Cumberbatch, “Patrick Melrose”
Hugh Grant, “A Very English Scandal”

Melhor atriz em telefilme ou minissérie
Amy Adams, “Sharp Objects”
Patricia Arquette, “Escape at Dannemora” 
Connie Britton, "Dirty John"
Laura Dern, “The Tale”
Regina King, “Seven Seconds”

Melhor ator coadjuvante em série de TV
Alan Arkin, “The Kominsky Method”
Kieran Culkin, "Succession"
Edgar Ramirez, “American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace”
Ben Whishaw, “A Very English Scandal”
Henry Winkler, “Barry”

Melhor atriz coadjuvante em série de TV
Alex Borstein, “The Marvelous Mrs. Maisel”
Patricia Clarkson, “Sharp Objects”
Penelope Cruz, “American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace”
Thandie Newton, “Westworld”
Yvonne Strahovski, "Handmaid's Tale"

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.