Marcelo Yuka, fundador d'O Rappa, está em estado grave em hospital no Rio

Paraplégico desde 2000, quando foi baleado em assalto, músico teve um AVC após ter sido internado para tratar de uma infecção

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São Paulo

O músico Marcelo Yuka, 53, ex-baterista e fundador do grupo O Rappa, está internado em estado grave no hospital Quinta D'Or, na zona norte do Rio de Janeiro.

A informação foi confirmada à Folha por Geraldinho Magalhães, empresário do artista, segundo quem Yuka está em coma induzido após ter sido internado, há duas semanas, para tratar de uma infecção.

Paraplégico desde 2000, quando foi atingido por nove tiros ao tentar impedir que bandidos assaltassem o carro de uma mulher na frente do seu, no Rio, Yuka acumulou problemas de saúde nos últimos anos.

Em agosto de 2018, ele sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) e ficou internado por algumas semanas.

Na tarde desta sexta-feira (4), notícias sobre a morte do músico tomaram redes sociais e sites após o produtor do Planet Hemp, Marcello Lobatto, publicar uma foto em sua conta no Instagram sugerindo uma despedida do amigo.

“Valeu Yuka! Obrigado por tudo! Sentiremos eternamente a sua falta”, ele escreveu em publicação posteriormente apagada.

Depois, Lobatto se corrigiu:

"Sinto muitíssimo! Recebi uma ligação de um amigo muito próximo ao Yuka, aos prantos, me informando sobre o falecimento e me precipitei. Já conversei com amigos e familiares e o Marcelo Yuka está hospitalizado, mas vivo! Mais uma vez peço desculpas e vamos continuar rezando pela sua recuperação".

Yuka nasceu Marcelo Fontes do Nascimento Viana de Santa Ana no Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1965.

Ele é notório por ter sido baterista e autor de sucessos como “Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)”, do grupo O Rappa, que fundou em 1993 com o baixista Nelson Meirelles, o tecladista Marcelo Lobatto e o guitarrista Alexandre Meneses.

A eles se somaria o cantor Marcelo Falcão, integrado ao grupo após ver um anúncio da banda em um jornal e ser aprovado em testes. No ano seguinte, a banda lançou o álbum “O Rappa”.

Em 1996, Yuka alcançou sucesso nacional após o segundo álbum da banda, “Rappa Mundi”, de músicas como “Pescador de Ilusões” e a versão de “Vapor Barato”, de Waly Salomão e Jards Macalé, e o terceiro disco, “Lado B Lado A”, de temas como “Me Deixa”.

Àquela altura, a mescla de estilos musicais como rock, reggae, rap e samba já faziam d'O Rappa uma das principais bandas do rock brasileiro, porta-voz de um discurso que reverberava as injustiças sociais cometidas cotidianamente nas periferias e a efervescência política do Rio de Janeiro do fim do século 20, como na música “Todo Camburão Tem um Pouco de Navio Negreiro”.

Em 2001, o músico foi expulso d'O Rappa após brigar com os demais membros —a banda anunciaria seu término no ano passado, após uma turnê de despedida marcada por evidências de um racha entre os músicos, que já não se falavam nem em cima do palco.

Em 2017, Yuka lançou seu primeiro álbum, “Canções para Depois do Ódio”, com parcerias com Céu, Black Alien e Seu Jorge, entre outros.

No trabalho, uniu ritmos afro-brasileiros e dub e versou críticas à ascensão conservadora no mundo, então concentrada na figura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“É triste ver como os fascistas parecem estar ganhando, então criei um universo pra depois disso. Tudo vale, menos o ódio. Acho que está muito pesado, então fiz um disco contra o fascismo”, disse à Folha, à época.

A produção e a divulgação do álbum contudo, foram atrapalhadas por problemas de saúde que o fizeram ser internado em várias ocasiões.

Naquele contexto, conforme afirmou à Folha, pensou em desistir várias vezes —da carreira, mesmo da vida—, mas teve uma espécie de epifania: “Apesar de tudo, eu quero ser músico”.

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