Peter Greenaway vai fazer instalação em tributo a 'On the Road'

Estrutura seria montada nos Emirados Árabes para depois ir para a Europa; custo deve ser multimilionário

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São Paulo

O cineasta e artista plástico britânico Peter Greenaway prepara uma instalação de tamanho faraônico inspirada em “On The Road”, clássico da geração beat, publicado por Jack Kerouac em 1957 —a obra, ainda sem data para ficar pronta ou local para ser montada, será uma grande pista de corrida ao ar livre.

O anúncio foi feito por Greenaway, nesta terça-feira (15), em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

O romance de Kerouac tem como personagens principais Sal Paradise, o narrador, e seu amigo Dean Moriarty, que partem em viagem pelas estradas americanas —regada a sexo, música e drogas. A obra, que se tornou um símbolo de liberdade, hedonismo e aventura juvenis, foi escrita pelo autor em um surto de criatividade —Kerouac compôs sua obra prima durante apenas três semanas, e a escreveu em um rolo de papel de 36 metros.

Greenaway, hoje com 76 anos, planeja construir a pista de corrida em algum espaço que tenha milhares de metros quadrados. A ideia, disse, é ocupá-la com carros autônomos, sem motoristas, além de outros tipos de veículos “muito contemporâneos”.

O artista também mostrou desenhos de seu projeto à imprensa britânica —além da pista, a obra deve ter prédios em tamanho real. Os rascunhos mostram veículos entrando e saindo desses edifícios.

Já haveria interesse de financiadores de Dubai para bancar a obra. Ela seria montada na cidade dos Emirados Árabes para, só depois, ir para a Europa —o custo deve ser multimilionário.

“Vai ser muito caro. Provavelmente foi por isso que o nome ‘Dubai’ veio à mente dos produtores que se interessaram pelo projeto”, disse Greenaway, ainda de acordo com o Guardian.

O cineasta ainda não sabe se a instalação será apenas para ser observada —como uma pista de corrida de verdade— ou se será interativa de alguma forma, coma possibilidade de percorrê-la.

Ele também não descartou a ideia de que a instalação vire uma obra permanente. Na entrevista, ele  lembrou a Torre Eiffel, em Paris, construída em 1889 para, a princípio, ser uma estrutura provisória.

Greenaway, conhecido por filmes como “O Cozinheiro,o Ladrão, Sua Mulher e o Amante” (1989), é artista de formação. Ele não é o primeiro cineasta a se inspirar no universo criado por Kerouac. Em 2012, Walter Salles lançou uma adaptação cinematográfica do romance —e concorreu à Palma de Ouro com o filme.

O desejo do cineasta britânico é tratar do senso de aventura trazido pelos carros entre os anos 1950 e 1970. “Carros autônomos significam, de alguma forma, uma falta de excitação. Não que eu seja um ótimo motorista, mas a graça é dirigir de verdade, não sentar atrás de uma roda da qual você não tem nenhum controle”, afirmou.

Greenaway disse ainda ter vontade de que a obra levante questões sobre o fato de a humanidade cobrir o planeta com “quilômetrose quilômetros”de rodovias —e refletir sobre o futuro das estradas.

O diretor, que estudou para ser pintor na juventude, é conhecido pelo estilo barroco de seus longas-metragens. Ele disse nunca ter esquecido sua primeira leitura de “On The Road”, ainda na adolescência.

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