Se existisse uma lista de pré-requisitos para se fazer um show em um estádio, o cantor inglês Ed Sheeran mostrou nesta quarta-feira (13), em São Paulo, que preencheria todos.
Da megaestrutura trazida para o Allianz Parque às palmas quase sempre descoordenadas das 41 mil pessoas presentes, das brincadeirinhas com a plateia aos coros de quem já ouviu aquelas canções dezenas de vezes, tudo estava ali.
Não faltou nem o clássico pedido de casamento na música mais romântica da noite, “Photograph”. Durante a canção, uma roda de pessoas com seus celulares preparados para o “sim” (que aconteceu) foi aberta no meio da plateia e acabou em tapinhas solidários de estranhos nas costas do casal.
A diferença —o que bota o músico à frente de outros cantores e boy bands que também ganharam o coração do público teen—, está no fato de que, em vez das chuvas de fogo ou papéis picados e grandes truques de luzes, a “mágica” de Sheeran recai sobre sua longa lista de hits bem escritos e a habilidade com a “pedal station”, devidamente apresentada ao público no começo da noite.
“Tudo o que vocês ouvirem hoje foi feito ao vivo e vem desse pedal, dessa guitarra e desses microfones”, diz. Com o equipamento, ele é capaz de gravar e reproduzir batidas, backing vocals, riffs, beatbox e qualquer outro som que julgar necessário.
Os sons são sobrepostos e somados à estrutura de caixas de som e telões que formam algo parecido com uma colmeia suspensa —são 16 carretas de equipamento, segundo a produção— e dão a impressão de que há uma banda inteira no palco.
Durante as quase duas horas de show, um Sheeran bem-humorado provocou a plateia e pediu mais barulho do que no show de 2017, brincou com a ponta que fez na sétima temporada da série “Game of Thrones” e se dirigiu aos “super pais” e namorados que foram carregados para a noite.
Apesar da resposta natural de gritos e aplausos no início e no fim de cada canção, o show que o cantor entregou foi praticamente o mesmo de dois anos atrás. O setlist da despedida brasileira da lucrativa turnê ÷ (Divide), baseada em seu disco homônimo de 2017, teve poucas mudanças: “Nancy Mulligan” deu lugar a “Tenerife Sea” e “Give me Love” ganhou a companhia de “All of the Stars" e “Lego House” em um medley. O público, formado em sua maioria por jovens e casais, pareceu não se importar com a apresentação requentada.
O ponto alto da noite foi o arco final, que começou com a mistura de “Feeling Good”, de Nina Simone, e “I See Fire”, composta para a trilha sonora d“O Hobbit: A Desolação de Smaug” (2013). A estranheza de um público tão jovem cantando a música de Simone revelou, mais uma vez, a doutrinação de Sheeran, que sempre leva o clássico para os palcos.
A título de comparação, o show de abertura, de seu amigo de adolescência Passenger, teve um cover de “The Sound of Silence”, de Simon & Garfunkel pouco reconhecido. "Vocês conhecem? Paul Simon? Não?", confirmou o inglês, rindo.
Depois vieram as lentas “Thinking out Loud”, “Photograph” e “Perfect”, cantadas a plenos pulmões por casais que dançavam coladinhos e a tríade “Sing”, “Shape of You” e “You Need Me, I Don't Need You”, para ninguém reclamar que o ruivo só fala de corações partidos.
Sheeran se apresenta em São Paulo novamente nesta quinta (14), e em Porto Alegre, no domingo (17), também na companhia do indie folk de Passenger e sua “única canção conhecida”, segundo ele, “Let Her Go". O inglês é carismático e conquistou sem dificuldade o público do amigo.
A dupla ainda segue com a despedida da turnê, que acaba na Europa, em agosto, com chances de se tornar a mais bem-sucedida dos últimos 30 anos, superando a 360, do U2.
Veja o setlist da noite:
Castle on the Hill
Eraser
The A Team
Don't/ New Man
Dive
Bloodstream
Happier
Tenerife Sea
All of the Stars/ Lego House / Give Me Love
Galway Girl
Feeling Good/I See Fire
Thinking Out Loud
Photograph
Perfect
Sing
Shape of You
You Need Me, I Don't Need You
ED SHEERAN
Quando Qui. (14): 21h; em Porto Alegre, no dom. (17)
Onde Allianz Parque - av. Francisco Matarazzo, 1.705, Água Branca; Arena Grêmio - av. Padre Leopoldo Brentano, 110
Preço Ingressos esgotados p/ 14/2. Em Porto Alegre, de R$ 230 a R$ 480 em livepass.com.br;
Classificação 14 anos
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.