'Como vou fazer um sapato que a mulher ama, mas o marido odeia?', diz favorito de Meghan Markle

Designer de sapatos colombiano, Edgardo Osorio fez os pés de famosas com conforto e cores vibrantes

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Milão

Em meio a uma enxurrada de tênis com grife, do tipo “papai” até o esportivo de academia, um movimento nascente de resgate dos clássicos toma forma na indústria do luxo. E o colombiano Edgardo Osorio, 32, está no centro desse revival que seduz atrizes de Hollywood e, principalmente, a nova duquesa de Sussex, Meghan Markle.

É dele o abacaxi gravado nos solados dos saltos da ex-atriz, que usa peças da marca Aquazzura a todo momento, tanto na festa pós-casamento com o príncipe Harry até em eventos oficiais da realeza. Ela se juntou a Jennifer Lawrence, Angelina Jolie, Catherine Deneuve e tantas outras na nova onda do showbiz.

As mulheres parecem gostar dos seus saltos ergonômicos de altura média, que melhorariam a postura e não incomodariam os pés, apostas seguras para os tapetes vermelhos.

Sapatos da marca Aquazzura, de Edgardo Osorio. (Foto: Divulgacao) - Divulgação

Mas apesar desse designer, que começou a carreira na Roberto Cavalli, beber da fonte do sucesso hollywoodiano, ele também vê com ressalvas a onda de protestos promovido por muitas de suas clientes.

“Em vários lugares do mundo, principalmente nos Estados Unidos, flertar virou algo perigoso, proibido. Quero dizer, estar provocante também é bonito, porque flertar faz parte da natureza humana”, diz, como quem pisa em ovos.

Num tempo em que a moda celebra maior poder às mulheres e elas conduzem movimentos como Me Too e Time’s Up, Osorio quer trabalhar para que homens e mulheres cheguem a um acordo sobre a beleza.

“É importante que a mulher se sinta bem usando meus sapatos, mas quero que ela provoque, que o homem repare. Como vou fazer um sapato que a mulher ama, mas o marido odeia?”, diz.

Além de um gosto particular por estruturas simples, aplicações e um jogo de cores meticuloso, a fórmula para alcançar a paz entre os sexos, diz, é não reproduzir os erros das outras marcas de luxo, que “fazem esculturas, esquecendo que um sapato é para ser usado”.

Sem apoio de revistas ou investidores, ele fez com que seus saltos de laço, botas de camurça e sapatilhas de brilho comedido rodassem as contas de fashionistas nas redes sociais. O boca a boca deu certo, e ele abriu 14 lojas pelo mundo. 

Edgardo Osorio, da Aquazzura - Divulgação

Escolheu em outubro o shopping Cidade Jardim, em São Paulo, para sediar a primeira delas na América do Sul por ter visto que as brasileiras desembolsavam os três dígitos cobrados nas lojas de Nova York e da Europa. Por aqui, as peças passam dos quatro.

Sem investidor, fez tudo sozinho com a ajuda do marido, o publicista e ex-Louis Vuitton Ricardo d’Almeida, no auge da crise financeira de 2008. 

Foi quando se mudou para Florença, onde tem contato constante com os artesãos e pode “descer do ateliê para tomar uma taça de chianti e comer uma massa”, dedicando a maior parte do tempo a trocar ideias e “se inspirar nas histórias da cidade”, centro mundial da sapataria.

“Luxo, hoje, significa tempo. A diferença entre um sapato caro e um barato não são apenas os materiais, mas quantos testes e tempo você dedica para criá-lo”, explica Osorio.

“Para mim, é importante pensar sapatos de uma forma atemporal. Minhas criações podem ser fashionistas, mas não estão ‘na moda’. Seguir uma tendência é a pior coisa que um designer pode fazer.”

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