Há mesmo um certo clima de pesar pairando nas salas de todos os desfiles desta primeira parte do circuito europeu. Logo após o anúncio da morte de Lagerfeld, os fashionistas parecem não tagarelar nem posar como de costume.
O ar menos afetado de alguma forma repercutiu nas passarelas, como na da Max Mara, que na manhã desta quinta versou sobre o mesmo glamour aristocrático da Fendi, mas em um nível mais soturno, com uma cartela de cores pesadas do marrom ao preto.
A marca destilou uma feminilidade menos adocicada nos casacos pesados e nos conjuntos de alfaiataria utilitária, finalizados com zíperes e bolsos por todos os lados. Botas de cano alto, pochetes enroladas no pescoço e plush no lugar de pele completavam o combo cheio de glamour da marca.
Em vários momentos a alfaiataria, mais reta e volumosa, parecia retirada do guarda-roupa masculino da primeira metade do século 20.
O tweed e os couros falsos de crocodilo e zebra quebraram o teor austero demais e quase monótono da metade para o final.
Saudosista, mas ainda conectada ao espírito de liberdade conquistada pelas mulheres no mercado de trabalho, a marca prestou uma homenagem ao bom gosto, agora em baixa em um mercado tomado por moletons, jeans e tênis metidos a escarpin de mil dólares.
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