'O Barbeiro de Sevilha' inaugura temporada lírica no Theatro Municipal

Ópera de Rossini narra as confusões protagonizadas pelo barbeiro Fígaro

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São Paulo

Em 1815, Gioacchino Rossini (1792-1868) assumiu a direção dos teatros San Carlo e Fondo, em Nápoles. Ele deveria compor uma ópera por ano e receberia o pagamento de 200 ducados por mês, mais uma porcentagem do que fosse faturado nas mesas de jogo.

Era um acordo extremamente lucrativo para qualquer músico daquele tempo e, em meio à bonança, Rossini — àquela altura um experiente compositor de óperas de 24 anos—​ escreveria sua mais famosa ópera. "O Barbeiro de Sevilha" estreou no dia 20 de fevereiro de 1816 no Teatro Argentina, em Roma.

O libreto de Cesare Sterbini baseava-se na peça homônima de Pierre Beaumarchais. Giovanni Paisiello (1740-1816) já havia utilizado o mesmo argumento, mas o sucesso esmagador fez com que o nome "O Barbeiro de Sevilha" ficasse para sempre ligado a Rossini.

Encenado pela última vez no Municipal de São Paulo em 1995, o título abre a temporada lírica 2019 na quinta (14), com récitas até o dia 21.

Foram mais de 30 montagens dessa obra cujo enredo narra as confusões protagonizadas pelo barbeiro Fígaro, que tenta ajudar o romance do Conde de Almaviva com a jovem Rosina, que tem Doutor Bartolo como tutor.

De acordo com o maestro Roberto Minczuk, responsável pela direção musical, Rossini parte de um enredo e de um libreto muito bons para compor uma obra “deliciosa”. “É completa, tem todos os ingredientes que uma ópera cômica tem que ter. É leve, bonita, tem momentos hilários e outros muito expressivos.”

O diretor cênico Cleber Papa explica que procurou olhar de forma diferente para alguns personagens, considerados secundários. “Não estamos reinventando a ópera, mas criando situações que se ajustam perfeitamente à maneira de contar a história proposta pelo compositor. Trouxe a minha versão das razões que levam o personagem Ambrogio ser tão sonolento e ampliei a presença cênica de Berta, uma criada que ganha outras dimensões no espetáculo.” 

O cenógrafo José de Anchieta ficou incumbido de desenvolver “uma abstração cenográfica que recriasse a atmosfera de Sevilha com seus altos e baixos, balcões e varandas, janelões”.

Nos dois elencos, alternam-se Michel de Souza e David Marcondes no papel de Fígaro; o jovem tenor americano Jack Swanson e Anibal Mancini (que faz sua estreia no Municipal) como Conde de Almaviva; e as mezzos Luiza Francesconi e Luciana Bueno, que dão vida a Rosina.

Rossini foi um dos maiores fenômenos da ópera de todos os tempos. Escreveu cerca de quatro dezenas de títulos antes dos 40 anos; passou metade da vida trabalhando alucinadamente e a outra metade em recolhimento. Foi, ao mesmo tempo, um autor fecundo e “preguiçoso”, que iniciava as encomendas recebidas a pouco tempo da data de entrega.

Numa produção operística de tal volume nem tudo é genial ou mesmo original. A abertura de  "O Barbeiro de Sevilha" , por exemplo, já havia sido utilizada em duas óperas anteriores.

Para Roberto Minczuk, a música de Rossini “desafia os cantores, tratando a voz como se fosse um clarinete, um violino. Faz o cantor cantar de forma instrumental e, ao mesmo tempo, faz com que a orquestra toque de forma lírica, como se estivesse cantando. Juntem-se a isso melodias maravilhosas, inesquecíveis, e teremos um dos compositores de ópera mais geniais e amados pelo público”.

O Barbeiro de Sevilha

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