Corpos querem falar. E muito. Reunidos no Tusp, artistas procuram ir além da expressão já quase desgastada "lugar de fala" para buscar um "lugar de escuta" e o quê e como falar.
São os participantes da primeira ação pedagógica da MITsp 2019. Convidado da MITsp de 2015, o coreógrafo israelense Arkadi Zaides apresentou "Arquivo", um exemplo de sua dança documental e política. Na obra, ele reproduz as atitudes corporais de colonos judeus filmadas por palestinos em territórios ocupados e exibidas em uma tela.
Fronteiras geopolíticas, a expansão do campo da arte para as manifestações sociais, violência e os limites entre realidade e interpretação atravessam a obra do coreógrafo e a base temática da sexta edição da mostra de artes cênicas.
Enquanto a grade de espetáculos reflete o mal-estar contemporâneo, as ações pedagógicas repercutem e prolongam a discussão, propõem práticas e questionamentos novos.
As ações são programadas não só a partir das inquietações dos artistas, mas também das possibilidades de se relacionarem com as discussões do Brasil atual, conta Maria Fernanda Vomero, curadora deste eixo da mostra.
Neste ano, fortalecido por uma verba um pouco maior, o braço formativo da MITsp traz nove convidados, a maioria mulheres e representantes do chamado "sul ideológico", que inclui, além da América Latina, Oriente Médio, África e regiões em conflito.
A grade inclui 21 ações pedagógicas, do intercâmbio com Zaides a conversas com produtores internacionais. A programação está em mitsp.org/2019/acoes-pedagogicas.
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