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Baseada em Neil Gaiman, segunda temporada da série 'American Gods' chega às telas

Protagonista Ricky Whittle aposta na relevância política da trama em tempos de Trump

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São Paulo

O caldeirão de deuses, demônios, espíritos e demais entidades sobrenaturais que compõem o elenco da série de TV “American Gods” (Deuses Americanos), baseada no best-seller de mesmo nome do escritor britânico Neil Gaiman, voltará a assombrar as telas nesta segunda (11). É quando estreia a segunda temporada da trama no serviço de streaming Amazon Prime Video.

Apesar dos problemas que parecem ter atrasado a produção, com mudanças na chefia da série –saíram Bryan Fuller e Michael Green, entrou Jesse Alexander–, o ator que protagoniza “American Gods” aposta na relevância política da narrativa e em seu conteúdo épico. Afinal, trata-se uma história sobre deuses imigrantes perseguidos nos EUA em plena era Trump, diz o britânico Ricky Whittle, 37, que interpreta o ex-presidiário Shadow Moon.

“O espantoso é que Neil Gaiman escreveu essa história em 2001. E agora virou a série mais politicamente relevante da TV”, afirma Whittle. “Na pré-estreia da série em Los Angeles, ele me disse que daria todo o dinheiro e todo o reconhecimento que teve até hoje para que o livro continuasse a ser só uma fantasia. Mas infelizmente agora é a vida real.”

O ator Ricky Whittle na Comic Com Experience 2018, em São Paulo
O ator Ricky Whittle na Comic Com Experience 2018, em São Paulo - CCXP

O ator falou à Folha sobre a série durante sua visita a São Paulo para o evento CCXP (Comic Con Experience), em dezembro de 2018. Whittle desconversou a respeito dos percalços da produção –depois de sua estreia em 2017, “American Gods” acabou ficando sem temporada nova no ano seguinte–, ressaltando que as dimensões ambiciosas da trama naturalmente acabam trazendo alguns problemas.

“Não é diferente de qualquer outro programa. Quando Jesse Alexander veio para a temporada 2, ele não precisou se preocupar com os personagens, porque era nossa responsabilidade, como atores, manter essa continuidade e essa consistência. Vai ser a mesma coisa no futuro”, filosofa.

O personagem de Whittle, um sujeito aparentemente comum que passa alguns anos na cadeia para evitar a prisão da mulher que ama, funciona como uma espécie de alter ego do público, descobrindo paulatinamente o estranho mundo de divindades em conflito (deuses antigos, como Odin, versus os “novos deuses” da tecnologia e da mídia) que caracteriza a história.

Para o britânico, isso espelha seu próprio aprendizado, já que ele diz nunca ter se interessado por mitologia ou história das religiões antes de ser escalado para o papel.

“Tal como Shadow, eu vou aprendendo ao longo do caminho. A série é uma plataforma fantástica, um jeito de educar o mundo sobre várias religiões, mitologias, raças, fés”, afirma o ator, que foi criado como católico e diz “acreditar em alguma coisa” que dê sentido à vida.  

Ele exemplifica o que enxerga como a diversidade representada pelos personagens da série com uma cena presente tanto no livro de Gaiman quanto na primeira temporada da trama –uma relação sexual envolvendo um jovem muçulmano e um “jinn”, ou gênio (como o do conto de Aladim).

“Quando Salim e o ‘jinn’ apareceram naquela cena, foi a primeira vez que personagens muçulmanos do mesmo sexo foram retratados tendo um relacionamento numa tela de TV. Não deveria ser a primeira vez, porque isso é uma coisa de todo dia.”

Dentro do universo criado por Neil Gaiman, a presença de membros dos mais diversos panteões divinos no território americano do século 21 se explica pelo fato de que cada leva de imigrantes que chegava aos EUA trazia seus deuses consigo.

“Os EUA são um grande país por causa de todos os sabores de diferentes culturas. O país inteiro é construído com base na imigração. A não ser que você seja das Primeiras Nações, um indígena americano, todos são imigrantes naquele país, tal como o próprio Trump e suas muitas esposas. Então, acho importante abraçar a riqueza das outras pessoas em vez de provocar o medo, que é um método de controle.”

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