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Um talento do humor no papel protagonista ajuda muito, mas não é suficiente para fazer boa comédia.
Uma história fluente, bem elaborada e sem truques apelativos contribui bastante. Melhor ainda se a trama contar com a presença de coadjuvantes também eficientes na arte de fazer rir.
Embora não seja simples, essa não parece uma combinação inalcançável. No entanto, o cinema brasileiro voltado ao grande público tem demonstrado dificuldade na última década para reunir esses três elementos.
Um exemplo é “Não se Aceitam Devoluções”, lançado em 2018. Havia à frente do elenco um bom ator cômico, Leandro Hassum, mas faltavam em cena outros nomes afiados com quem ele pudesse jogar de igual para igual.
Tampouco existia um roteiro consistente.
O novo “Chorar de Rir”, dirigido por Toniko Melo (“Vips”), tem em comum com “Não se Aceitam...” a presença de Hassum e o objetivo de alcançar um público amplo. Mas as semelhanças param por aí.
Desta vez, ele contracena com veteranos de longa trajetória no teatro cômico, como Jandira Martini; atores de prestígio da mesma geração, como Otavio Müller; e nomes mais jovens, com carreiras em ascensão, como Rafael Portugal, do Porta dos Fundos.
Além de evitar que os efeitos cômicos se amparem num só personagem, a diversidade do elenco nos oferece diferentes escolas do humor.
Há ainda outro mérito em “Chorar de Rir”. A partir de argumento de Toniko Melo e Caco Galhardo, cartunista da Folha, o escritor e jornalista José Roberto Torero desenvolveu um roteiro que combina engenhosidade e graça.
Estrela de um programa de humor na TV, Nilo (Hassum) decide se tornar um ator dramático a fim de reconquistar uma ex-namorada (Monique Alfradique) e ganhar o respeito de colegas. Decide, então, montar “Hamlet” com um premiado diretor de teatro.
Os diálogos de Torero, autor de roteiros de filmes como “Pequeno Dicionário Amoroso” (1997), dão oportunidade a Hassum para passear entre tons de interpretação, exibindo uma versatilidade incomum.
Por fim, uma dica: não deixe a sala quando começarem a subir os créditos. Há uma divertida participação final de Fábio Porchat.
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