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Cinema

Distrações afogam trama capenga de 'Vox Lux', com Natalie Portman

Longa garante aos espectadores não muito exigentes só os prazeres esparsos que eles exigem

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Vox Lux - O Preço da Fama

  • Classificação 16 anos
  • Elenco Natalie Portman, Jude Law, Stacy Martin
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Brady Corbet

Logo de cara somos informados que Celeste nasceu em 1986, no ano da chegada ao poder de Reagan, e que seus pais estavam do lado errado da política econômica. Pode-se imaginar então que “Vox Lux – O Preço da Fama” será um filme sobre o neoliberalismo e eventuais consequências sobre a vida dos americanos.

Logo, porém, abre-se outra frente: Celeste, ainda adolescente (Raffey Cassidy), é vítima de um atentado à sua escola, praticado por outro adolescente, e fica entre a vida e a morte. Logo que consegue ficar em pé é chamada a falar num ato em memória dos colegas que perderam a vida, mas, em vez de falar, canta uma música composta com sua irmã, Eleanor.

A canção se torna um sucesso e faz da jovem uma estrela instantânea. E assim prossegue até que as Torres Gêmeas sejam atacadas, em 2001, quando ela e a irmã estão viajando a trabalho. Então, o filme, em definitivo, não trata de “reaganomics” ou algo assim, mas de um país que vive na violência, pela violência, para a violência.

É nisso que faz pensar, sobretudo, a eficaz sequência do ataque à escola. O tema parece promissor, mas não.

Logo “Vox Lux” toma outro desvio: iniciação sexual de Eleanor, ciúmes de Celeste, brigas entre as duas, primeira transa de Celeste etc. A partir daí, cada irmã desenvolve sua personalidade. Ou melhor: Celeste cuida de seu lado estelar, enquanto a irmã trata de se apagar. O momento nos leva ao campo das disputas familiares, que terão papel não decisivo, mas farão parte da trama.

Daí por diante, temos pela frente uma cantora adulta (Natalie Portman) bem-sucedida. Ou mais bem-sucedida ainda. A economia não desaparece porque surgiu como menção no início. A violência retorna meio a fórceps, num atentado ocorrido na Sérvia. As disputas familiares se tornam só pano de fundo das dores da vida de uma estrela.

Talvez não seja por acaso que Portman até fisicamente lembre Judy Garland: emocional ao extremo, viciada em mais ou menos tudo que seja viciável, caindo pelas tabelas e amparada sempre pelo staff. No mais, a encontramos perseguida pela imprensa ou por seus fantasmas pessoais.

Em poucas palavras, à força de pular de galho em galho, o filme de Brady Corbet acaba por se apoiar em elementos isolados, a começar por Natalie Portman, em alguns bons diálogos e no bom gran finale.

Elementos que concorrem com os penduricalhos que Corbet lança com regularidade à guisa de estilo (isso para não falar de uma alusão tirada da cartola a pactos demoníacos), mas que garantem ao espectador não muito exigente os prazeres esparsos que, entre uma pipoca e outra, ele exige.

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