Exposição em São Paulo apresenta olhar de viajante do artista Carlos Vergara

Esculturas grandes em aço e obras com asfalto fazem parte da mostra

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São Paulo

Carlos Vergara, 77, está empolgado em mostrar ao público os diferentes caminhos que percorre em sua arte. Em exposição da galeria da Bolsa de Arte, na Vila Madalena, ele pretende revelar o que chama de “a busca do inefável”.

“O Manoel de Barros tem uma frase que eu acho estupenda: imagens são palavras que nos faltaram”, cita Vergara. Ele é um dos mais de mil artistas que compõe o portfólio da SP-Arte, maior feira do tipo da América Latina, cuja edição 2019 começa na semana que vem no Pavilhão da Bienal.

Para o artista, essa frase do poeta mato-grossense o ajuda a definir sua série sudários, com os lenços (ou telas de bolso) que faz in loco nas suas andanças. “Esses lenços são registros de sensações de uma viagem, onde se vê pequenos sinais na terra, como um conjunto de folhas: são as palavras que nos faltaram”, explica. “É fugaz. Você presencia e passa.”

Eles fazem parte do que chama de “natureza inventada”. Nessas obras, o artista busca trazer um olhar mais denso de suas experiências de viajante. Nesse último período, ele esteve na Serra do 
Botoquena, no Mato Grosso do Sul, fez o caminho de Santiago de Compostela, esteve na Capadócia, na Turquia, e no Cazaquistão. “Tento buscar sinais do sagrado, não simplesmente do religioso, mas sim da arte, da vida e do mundo”, define.

Para o artista, essa exposição, com curadoria dele e de Luisa Duarte, não é uma coisa só, mas convida a uma olhar mais amplo de sua obra, utilizando-se de diferentes suportes. “Eu trabalho em várias direções, olhando pra fora e pra dentro. Aqui tem várias séries que desenvolvi simultaneamente.”

Esculturas grandes (com cerca de 250 cm de altura por 120 cm de largura) em aço corten recortadas fazem parte da mostra e foram desenvolvidas em Belo Horizonte, no mesmo ateliê em que Amilcar de Castro fazia as suas.

“Isso é uma coisa muito gostosa. O seu Geraldo que fazia as esculturas do Amilcar me disse que eu o fiz voltar ao trabalho. Ele é um veterano e já poderia ter se aposentado, mas gosta de fazer.” 

Outro elemento que estará fortemente presente em seus trabalhos é o asfalto. Fez até corações de asfalto “para os tirar do lugar-comum”. O uso do asfalto faz parte de sua história pessoal. Aos 18 anos, fez e passou em um concurso da Petrobras (com 4.000 candidatos e somente 13 vagas) para ser analista de laboratório da primeira refinaria do Rio de Janeiro, de Duque de Caxias. E analisou asfalto durante anos. “O asfalto é um material da cidade, lindíssimo. Moldável a baixa temperatura e com muita beleza.”

Ainda na mostra, Vergara vai revisitar um trabalho seu de 1980, que fez para representar o Brasil na Bienal de Veneza. Um painel e esculturas criadas com papel kralf, usadas pelo artista como base para desenvolver as de aço. Ele deve fazer intervenções com a peça na abertura da mostra.

Dessa forma, o viajante vai suscitando sua curiosidade. Pinturas, esculturas, monotipias, lenços e uma tela tridimensional revelam por onde caminha o olhar do artista.

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Carlos Vergara

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Grátis.

Curada por Luisa Duarte, a mostra de Carlos Vergara apresenta cinco séries de trabalhos inspiradas em expedições à Serra do Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, e em viagens pelo mundo. Entre as peças estão cinco esculturas de grandes dimensões que, recortadas em aço corten, encaixam-se numa espécie de jogo.

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