Peppino di Capri sobrevive aos Beatles e destila romantismo no Brasil

'Porta-voz da música de amor italiana', cantor entoa sucessos como 'Roberta' e 'Champagne' em shows em Curitiba, SP e Rio

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Nos últimos cinco anos, ele fez quatro turnês no Brasil, todas marcadas por shows lotados em capitais, aparições na TV e público emocionado e cantante.

Não estamos falando de Paul McCartney, o ex-Beatles que se tornou habitué no país, mas de um italiano que quase teve a carreira arrasada pelo inglês e por seus colegas nos anos 1960: Peppino di Capri.

Qual o segredo do veterano cantor e pianista que, aos 79 anos, encerra turnê no Brasil nesta semana?

“Trabalho árduo. É preciso começar de baixo e fazer sacrifícios para alcançar e manter o sucesso.”

Peppino entende disso. Com carreira iniciada há 61 anos, ele chegou a fazer shows de abertura para espetáculos dos Beatles na Europa, em 1965, tornando-se um fenômeno no continente.

Um de seus maiores hits, a romântica “Roberta”, que escreveu para a ex-mulher, deu início a uma onda de batismos de crianças com esse nome na Itália.

Um causo ilustra o quão febril foi o sucesso de Peppino: em 1963, quando lançou a canção, ele prometeu dar um disco a cada fã que exibisse certidão de nascimento da filha Roberta. Precisou distribuir 5.000 LPs em poucas semanas e desistiu da brincadeira.

“Foi a melhor fase de minha carreira”, diz Peppino, que até então explorava o twist, o estilo de música e dança que condensou o jazz e o nascente rock n’ roll nos anos 1950.

Pouco tempo depois, porém, o artista acabou arrasado justamente pelos Fab 4.

Como a maior parte das atrações não roqueiras à época, ele foi tachado de brega e ultrapassado após a ascensão de John, Paul, George e Ringo. Em especial após o conjunto passar a investir em inovações estéticas que dialogavam com a psicodelia daquele fim de década.

“Todo mundo quis ser e tocar como eles. Foi um período triste, porque eu não era alinhado àquela estética.”

Peppino chegou a desistir da carreira, mas voltou atrás. “Um dia acordei e pensei: tenho 30 anos, não posso parar, ainda tenho muito a fazer. Resolvi recomeçar tendo como bandeira a música romântica.”

Foi quando passou a investir em clássicos do cancioneiro napolitano, como “Luna Caprese”. Consolidou-se em seu país —e no Brasil, onde tem público cativo que credita “ao gosto do povo pelo romantismo; mesmo quem não fala italiano entende e canta junto”.

Por aqui, ele cantou em Brasília na quinta passada (14). No sábado (16), foi a vez de Porto Alegre.

Nesta terça (19), Peppino se apresenta em Curitiba, no teatro Guaíra, com participação da cantora Zizi Possi.

Na quinta (21), faz espetáculo no Credicard Hall, em São Paulo, e, no sábado (23), encerra a visita ao Brasil no Vivo Rio, no Rio de Janeiro —nesses dois últimos shows, também receberá no palco a amiga Zizi.

No repertório, além dos hits “Roberta” e “Champagne”, temas como “Il Sognatore” e “Ancora Con Te”, versão de “Outra Vez”, de Roberto Carlos.

Nos intervalos, deve encontrar amigos e apreciar churrasco e caipirinha. Só o que não muda, seja à beira da Lagoa, no Rio, ou em Capri, onde vive, é o pendor romântico.

“Minha inspiração vem das profundezas do coração. Um sonho, um ambiente. Ou a vista de minha casa em Capri, sobre uma colina de onde se vê a cidade como um presépio. São momentos muito especiais.”

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.