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'Suprema' não passa de entretenimento mediano, cansativo de assistir

Baseado em fatos reais, filme acompanha ascensão de Ruth Ginsburg até a Suprema Corte americana

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Suprema (On the Basis of Sex)

  • Classificação 12 anos
  • Elenco Felicity Jones, Armie Hammer, Justin Theroux
  • Produção EUA, 2018
  • Direção Mimi Leder

Quando um filme começa com a frase “baseado numa história real” na tela, a ficção quase sempre fica refém da realidade. Se os acontecimentos são interessantes, não é preciso muito esforço para acertar o desenrolar deles. Se os tais fatos verídicos não são lá essas coisas, agradar fica difícil, às vezes impossível.

“Suprema” se encaixa na primeira categoria. A ascensão de Ruth Ginsburg, rejeitada por todos os grandes escritórios de advocacia de Nova York após se formar, nos anos 1960, até integrar a Suprema Corte americana, é uma trajetória fascinante. Aos 85 anos, ela continua na corte.

A pertinência do filme nos dias atuais é enorme, já que Ruth Ginsburg se notabilizou por defender casos que questionaram as leis americanas que apresentavam tratamento desigual para homens e mulheres.
Os avanços na discussão das questões de gênero disparados por ela nos processos que defendeu mudaram um pouco a cara das leis em seu país.

Explicada a importância de Ginsburg, o maior elogio que se pode fazer ao longa-metragem é dizer que a diretora Mimi Leder não chega a atrapalhar o bom argumento. Depois de alguns filmes para cinema nos anos 1990, como “O Pacificador”, com Nicole Kidman e George Clooney, ela passou os últimos 18 anos dirigindo séries na TV, sem muito brilho.

A nova chance no cinema é desperdiçada, já que Leder não imprime a mínima personalidade a “Suprema”. É um filme trivial, que cobre um período na vida de Ginsburg, entre o preconceito nos primeiros anos de faculdade, nos anos 1950, até o julgamento que irá iniciar sua série de processos vitoriosos contra a discriminação de gênero, em 1970.

Melhor aluna de sua turma, ela enfrenta rejeições procurando vaga nos escritórios mais destacados de Nova York na melhor sequência do filme. As justificativas dos empregadores são tão machistas e imbecis que podem provocar simultaneamente riso e revolta.

Faz falta mostrar como a advogada chegou até a Suprema Corte, o que faz parecer um filme pela metade. O elenco não compromete, mas também fica distante de ajudar “Suprema” a ser mais do que uma produção correta.

Felicity Jones, que carrega uma precoce e injustificada indicação ao Oscar de melhor atriz por “A Teoria de Tudo” (2014), fica com a classificação de bonitinha e esforçada. Vai bem em personagens rasos, como a heroína de “Rogue One: Uma História Star Wars”, mas não parece ter mais a oferecer.

Seu desempenho é ginasiano, assim como a atuação de Armie Hammer, de “Me Chame pelo Seu Nome”, no papel do marido bonitão e também advogado que ajuda Ruth Ginsberg na carreira.

“Suprema” vale mais para quem gosta dos filmes de tribunal ou tem interesse forte na questão de gênero. Como cinema, não passa de um entretenimento mediano, às vezes até cansativo de assistir.

Erramos: o texto foi alterado

Ruth Ginsburg tem 85 anos, e não 78

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