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Bianca Gismonti Trio lança álbum vibrante em show em São Paulo

Músicos fazem uma mistura sonora de popular e erudito, com influências múltiplas, e mantêm filtro de brasilidade

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Bianca Gismonti Trio
Bianca Gismonti Trio, que lança álbum em São Paulo - Daryan Dornelles/Divulgação

Desvelando Mares

  • Preço R$ 30
  • Autor Bianca Gismonti Trio
  • Gravadora Hunnia Records

"Desvelando Mares", que terá show de lançamento neste sábado (6), na unidade paulistana do Blue Note, é o primeiro grande disco instrumental brasileiro do ano. Ao vivo, a sonoridade do Bianca Gismonti Trio deve agradar quem procura uma música que surpreenda.

Bianca tem formação acadêmica como pianista. Além dessa viagem musical na companhia do trio com Antonio Porto e Julio Falavigna, ela tem outra parceira habitual —com a também pianista Claudia Castelo Branco, formando o duo Gisbranco, que já lançou três álbuns.

Com "Desvelando Mares", o trio também chega ao terceiro disco. Gravado na Hungria, com produção de Róbert Zoltán Hunka, dono do selo cult Hunnia Records, é o mais encorpado até agora, ao mesmo tempo vibrante e delicado.

É inevitável associar o Bianca Gismonti Trio a uma mistura sonora de popular e erudito, a influências de sons de várias partes do mundo, mas mantendo um filtro de brasilidade. Algo que se aproxima de artistas universais, abertos a qualquer tipo de som, como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti, pai da pianista.

Nada é mais equivocado, porém, do que pensar na performance do baterista Julio Falavigna e do baixista Antonio Porto como uma "cozinha" rítmica, este um jargão musical para a atuação desses instrumentos apenas como base que permita o brilho de outros músicos.

O Bianca Gismonti Trio é um tripé sonoro, na tradição dos melhores combos de jazz. Se a pianista esbanja virtuosismo nesse repertório 100% autoral, seus parceiros têm grande contribuição. E fica clara também a importância de músicos convidados.

O disco abre com "Salteo", uma peça envolvente na qual o acordeom de Bebe Kramer deixa evidente um tributo à música argentina. Depois a audição vai a um nível mais complexo na intrincada "Ostinatos", com ajuda do violino de Preetha Narayanan.

"Feitiço" traz as cantoras Elizabeth Rodriguez e Magdelys Savigne. Junto a Bianca, elas tecem uma harmonia vocal que remete aos melhores registros de coro em discos de bossa e jazz brasileiros, num charmoso eco dos anos 1960.

mulher na praia
A pianista Bianca Gismonti - Daryan Dornelles/Divulgação

A faixa que dá título ao disco é talvez o momento dedicado com mais intensidade ao lado instrumentista da compositora. Em mais de oito minutos, "Desvelando Mares" é um agradável, porém exigente, exercício de piano.

A busca de uma música miscigenada transparece num par de faixas seguidas, "Piano Station" e "Aonde Planam os Pássaros". A primeira é acelerada e empolgante, enquanto a segunda, bem calma e contando com a flauta de Fabio Mentz e com Falavigna na tabla —ambas são colagens de Ocidente e Oriente. Soam inquietas.

A cantora portuguesa Maria João dispara agudos harmoniosos e sons guturais em "Majo", num vigoroso diálogo entre voz e piano. É a faixa mais ousada do álbum e provavelmente a menos palatável para um público não tão acostumado a experiências musicais extremas.

O disco termina com duas canções próximas ao universo erudito. "Ventos do Sul" e "Celestial Sphere", peças longas, de mais de nove minutos cada uma, permitem outros momentos para Bianca se mostrar exímia ao piano.

Quem comparecer ao show de lançamento do álbum em São Paulo pode ser capturado pela proposta de música bela e heterogênea do trio.

Shows

Bianca Gismonti Trio

Variado
até R$120

O trio lança seu terceiro disco,

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