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Cinema

'Bio' tem estrutura narrativa inventiva, mas causa confusão

Filme é ficção científica mostrada num simulacro de documentário

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São Paulo

BIO - CONSTRUINDO UMA VIDA

  • Quando Estreia nesta quinta (4)
  • Classificação 14 anos
  • Elenco Maria Fernanda Cândido, Marco Ricca, Tainá Müller
  • Produção Brasil, 2019
  • Direção Carlos Gerbase

Veja salas e horários de exibição

"Bio - Construindo uma Vida" tem uma boa ideia, muitos personagens e uma estrutura de narração inventiva. Mas é justamente o formato incomum do filme do cineasta Carlos Gerbase que deixa ideias e seus quase 40 personagens um tanto sufocados.

O diretor conta a história de um homem que nasce em 1959 e morre em 2070. A ficção é mostrada num simulacro de documentário, com a centenária trajetória de vida do personagem relembrada por depoimentos de parentes e amigos.

A sacada de Gerbase é exibir entrevistas com as pessoas que teriam sido captadas na época em que elas conviviam com o personagem. É como se o documentarista pudesse viajar no tempo.

Assim, o filme começa com os depoimentos dos pais do protagonista, jovens, contando detalhes da gravidez e do parto. Em seguida, os irmãos mais velhos do menino e a empregada do vizinho aparecem para relatar uma história curiosa do bebê.

No salto seguinte, são coleguinhas de escola que falam da infância dele. Depois, o vestibular. A partir daí, o espectador já está apresentado a essa maneira inovadora com a qual 110 anos de vida serão contados.

O garoto irá se formar em biologia, e seu trabalho mais relevante será uma intensa observação do comportamento dos bugios. Além do sucesso acadêmico de sua obra, o estudo sobre os macacos acabará contribuindo para que ele tenha, já na velhice, participação numa trama sobre exploração espacial, levando o filme para a ficção científica.

Sem dúvida, uma proposta criativa, mas a ambição de rechear uma longa vida com muitos personagens chega a cansar. O biólogo terá um série de casamentos, deixando filhos e netos pelo caminho.

Para contar essa sucessão de paixões e rupturas, alguns casos relatados são divertidos, mas outros não impressionam. Também causa certa confusão a quantidade de ex-mulheres, filhos e netos. Às vezes leva um bom tempo para entender quem é aquela pessoa que está falando e qual seu parentesco ou relação com o personagem.

Assim, o espectador poderá sentir a necessidade de uma lousa para estruturar toda a ramificação de descendentes do biólogo, o que tornaria mais fácil o entendimento da trama.

Com tantos personagens, há também a irregularidade entre o elenco. Alguns atores se dão bem no desafio de compor um tipo em apenas alguns depoimentos, mas outros não se destacam. Entre os rostos mais conhecidos estão Marco Ricca, Maitê Proença, Tainá Müller e Maria Fernanda Cândido.

Ricca agrada como o psicólogo do menino, assim como Fredericco Restori, no papel do primogênito do personagem principal, Tainá Müller, como sua neta mais nova, e Fernanda Carvalho Leite, interpretando uma divertida professora de tantra yoga.

Mesmo com uma narração que pode ser cansativa, é certo que o filme preserva a inquietação do cinema de Gerbase, notada em ótimos longas como "Tolerância" (2000) e "3 Efes" (2007), além de vários curtas muito bons. "Bio" é uma experiência ambiciosa.

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