A atriz, escritora e roteirista Fernanda Torres deixa de escrever às sextas, no miolo da Ilustrada, e passa a ter seus textos publicados aos domingos, quinzenalmente, na contracapa do caderno. A colunista irá revezar o espaço com o médico e escritor Drauzio Varella.
"As pessoas que escrevem aqui leem Adorno", afirma, citando um dos expoentes da escola de Frankfurt. "Eu até tentei, mas não consegui", ri.
Oficialmente romancista desde 2013, quando lançou o primeiro livro, "Fim", Torres publica seus textos na imprensa há mais de dez anos —na Folha, está desde 2011, ano do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff.
Na época, falava sobre um Brasil diferente do atual. "Mudou o humor da nação", diz a escritora, descrevendo-o como ora mais bélico, ora dividido em bolhas.
"Você sempre tem que escrever pensando em todo mundo que pode ofender, e se o desejo é ofender ou não. Era mais fácil antes."
Na busca por um caminho do meio, ela se vê o tempo inteiro atropelada pela política.
É o caso do texto publicado neste domingo (7), que mudou de direção com a notícia de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, fora chamado de "tchutchuca" por um deputado na quarta-feira (3), durante uma sessão da Comissão de Constituição e Justiça.
"Falo isso com um certo incômodo", diz. "Estamos passando por um momento tão crítico que chega a ser difícil falar apenas de cultura."
O desafio é, então, continuar a discutir aquilo que lhe é próprio —o teatro, o cinema, a televisão, a literatura, a música, o cotidiano— sem perder o contexto do país.
E sem deixar suas outras atividades. Após entregar no final do ano passado o último tratamento da adaptação de "Fim" para o cinema e gravar mais uma temporada de "Sob Pressão", drama da Globo, ela agora escreve um novo projeto. Para equilibrar tantos pratos, ela afirma que faz "como Jack, o Estripador: por partes".
O escritor Cristovão Tezza deixa de ser colunista da Ilustrada e passa a escrever resenhas literárias para o caderno.
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