Otimismo do streaming se opõe à crise do cinema no Rio2C

Netflix anuncia 30 novas séries brasileiras enquanto os cineastas debatem paralisia da Ancine

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Sabrina Sato e Ted Sarandos
Sabrina Sato, que está no elenco de 'Reality Z', e Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix - Suzanna Tierie/Netflix
Rio de Janeiro

Numa sala, o otimismo do chefe de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, em apresentação sobre os 30 títulos nacionais que a gigante do streaming promete para até o fim de 2020. Na outra, representantes da indústria audiovisual brasileira expressavam luto por causa da paralisação da Ancine após um despacho do diretor do órgão, Christian de Castro, há uma semana.

Esse é um bom resumo do clima no Rio2C, um dos maiores eventos da economia criativa no país, realizado todo ano no Rio de Janeiro.

Enquanto cineastas brasileiros amarguravam ainda os novos tetos da Lei Rouanet —com maior rigor para as produtoras de audiovisual— e rumores de cortes da Petrobras, o Rio2C reservou um dia para os roteiristas, diretores e produtores da Netflix.

Sarandos abriu o dia ao lado do ator Wagner Moura, que protagonizou duas temporadas da série "Narcos" no papel de Pablo Escobar.

Segundo Moura, ele e plataforma de vídeo sob demanda fecharam parceria para a produção de um longa sobre a vida do diplomata Sérgio Vieira de Mello, brasileiro que trabalhou na ONU e morreu num atentado terrorista em Bagdá. "Sempre quis apresentar personagens latinos sem serem caricatos e consegui vender a ideia à Netflix", disse o ator.

Além de "Sérgio", foram anunciados títulos como "Reality Z", adaptação do britânico "Dead Set", em parceria com a Conspiração, a comédia romântica "Ricos de Amor", a história para adolescentes "Quem Nunca?" e o suspense "Carga Máxima".

O clima era outro na sala ao lado, onde representantes da indústria audiovisual falavam sobre a paralisação que o setor pode sofrer por causa de decisões tomadas na Ancine, depois que o Tribunal de Contas da União questionou sua capacidade de analisar prestações de contas dos projetos incentivados pela agência.

"Estamos paralisados, acho que todas aqui sabem disso", disse Leonardo Edde, presidente da Sindicato da Indústria Audiovisual. Para ele, o despacho traz uma extrapolação do que o TCU exigia em acordão, ao interromper "não só os repasses mas todo o processamento de projetos".

"Estão impactados aí não só as produtoras independentes, mas todos que dependem de um processo de aprovação", disse. "Isso gerou grande insegurança jurídica", completou.

O impacto no setor, segundo ele, seria a perda de 300 mil empregos. Com Edde, estavam Simoni de Mendonça, do Sindicato da Indústria Audiovisual de São Paulo, e Mauro Garcia, presidente da Brasil Audiovisual Independente.

As três entidades se propuseram a participar do acerto de contas entre o tribunal e a Ancine, prestando esclarecimentos. A paralisação pode acabar na semana que vem, quando o TCU julga o processo. O ministro Osmar Terra, da Cidadania, pasta à qual a Cultura está subordinada, disse que a situação se resolverá nos próximos dias.

O jornalista viajou a convite do Rio2C

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