Petrobras corta patrocínio de festivais de cinema, música e teatro

Ao todo, 13 projetos não terão seu financiamento renovado pela estatal

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São Paulo

A Petrobras  decidiu não renovar o patrocínio de 13 eventos culturais neste ano, o que inclui a Mostra de Cinema de São Paulo, o Festival do Rio, o Festival de Brasília e o Anima Mundi, entre outros projetos.

A estatal enviou uma lista de projetos cortados como resposta a um requerimento de informação feito pelos deputados federais Áurea Carolina (PSOL-MG) e Ivan Valente (PSOL-SP). No mesmo documento, revelado em primeira mão por reportagem da rádio CBN, a empresa petrolífera informa que seus programas de patrocínio estão em revisão e que, a partir de agora, deve focar projetos de ciência, tecnologia e educação.

Além dos eventos de cinema, também foram atingidos projetos culturais como o Festival de Teatro de Curitiba, o Prêmio da Música Brasileira e o Teatro Poeira, no Rio de Janeiro.

Desde fevereiro, a estatal vinha passando um pente-fino em sua carteira de patrocínios,  a fim de reduzir os investimentos que fazia na área cultural. À época, a medida foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro no Twitter. "Determinei a reavaliação dos contratos. O Estado tem maiores prioridades", disse o presidente.

Na semana passada, em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, o gerente de patrocínios da Petrobras, Diego Pila, afirmou que a estatal honraria os contratos já firmados.

Entre as poucas novas iniciativas que devem ser contempladas, está um edital de R$ 10 milhões para projetos de música, cujos resultados serão divulgados em breve, de acordo com Pila. Serão 19 iniciativas selecionadas.

A Petrobras já vem reduzindo de forma drástica o seu patrocínio em todas as áreas desde 2011, quando destinou para isso R$ 350 milhões. Para se ter uma ideia, no ano passado esse número caiu para R$ 135 milhões.

Se considerarmos apenas o dinheiro investido em cultura, ele foi R$ 153 milhões em 2011 e, no ano passado, foi de R$ 38 milhões. No ano do auge, a estatal chegou a financiar 336 projetos culturais. No ano passado, elegeu só 30.

Para este ano, a estatal chegou a ter um orçamento de R$ 180 milhões aprovados para a comunicação, o que inclui as ações de patrocínio cultural. Mas esse valor teve um corte de quase 30% e deve ficar R$ 128 milhões.

A redução no patrocínio da Petrobras afeta em cerca de 25% o orçamento da Mostra de Cinema de São Paulo, por exemplo, marcada para acontecer entre os dias 17 e 30 de outubro. 

"Ela vai acontecer, mas talvez tenhamos que cortar coisas que não atinjam tanto o público, como passagens aéreas de convidados", diz Renata de Almeida, diretora do evento. "Vamos agora equacionar para ver como será."

Ela afirma que recebeu uma ligação da estatal com a informação do corte do patrocínio. Agora, diz, espera contar com o apoio do Sesc, do Itaú Cultural, da Sabesp, da CPFL e da Spcine para manter a programação. No ano passado, o orçamento do evento foi de cerca de R$ 4 milhões.

O temor, afirma Renata, é a incerteza quanto ao futuro da Lei Rouanet. Isso porque tanto o apoio vindo do Itaú quanto o da CPFL vêm sob a forma de recursos incentivados, que são alvo de discussões no Planalto. O presidente Bolsonaro anunciou que pretende estabelecer um teto aos projetos que captam esse tipo de verba.

Já no caso do Anima Mundi, a estatal já chegou a representar até 50% do orçamento total do evento voltado para animação. Nos últimos anos, como em todo o resto, vinha reduzindo drasticamente sua participação. No ano passado, contribuiu com R$ 700 mil.

"É um buraco no orçamento que a gente vai ter que cobrir de algum jeito. Mas há a questão do timing. O festival já é em julho, temos poucos meses para tapar [o buraco]. Um festival do tamanho do Anima Mundi demora mais de um ano em produção", diz César Coelho, diretor do evento.

Várias estatais com participação no financiamento cultural têm revisto patrocínios. 

O BNDES cortou em 40% sua verba para a área, que caiu de R$ 8 milhões para R$ 5 milhões neste ano. O dinheiro disponível deve ser destinado só a literatura. O banco só não disse se, como em outros anos, reservará parte do orçamento para projetos convidados.

Colaborou Guilherme Genestreti

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