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Cinema

'Vingadores: Ultimato' é o filme mais chato de 2019

Lento e piegas, longa que vem acumulando superlativos não se compara aos três primeiros e desperdiça grandes atores

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Vingadores: Ultimato

  • Quando Estreia nesta quinta (25)
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Robert Downey Jr., Scarlett Johansson, Chris Evans, Brie Larson
  • Produção EUA, 2019
  • Direção Anthony Russo, Joe Russo

A segunda parte da história iniciada no ano passado, com “Vingadores: Guerra Infinita”, concorre a vários superlativos. Maior filme do ano. Mais salas no Brasil. Maior número de super-heróis já reunidos. Filme mais chato de 2019.

Isso mesmo. “Vingadores: Ultimato”, que estreia nesta quinta (25), é uma bomba mais poderosa que a manopla que Thanos usou para matar metade da população do universo na primeira parte da história. É piegas. É lento. É escuro. É barulhento.

É preciso dizer que o problema aqui não são os longas da Marvel. Os dois primeiros filmes dos Vingadores, de 2012 e 2015, tinham encanto. Mesmo “Guerra Infinita” (2018), apesar de sofrer um pouco com diversas histórias correndo em paralelo, apresentava um vilão extremamente carismático, angustiado e atormentado, em busca de um genocídio cósmico para satisfazer sua estranha ideologia.

Além disso, “Guerra Infinita” conseguiu impressionar no final, quando morreram Homem-Aranha, Doutor Estranho, Pantera Negra e uma série de outros personagens, deixando os espectadores reféns dessa continuação.

Nada dessa sutileza ou carga dramática está presente em “Ultimato”. Logo no começo de suas três horas de filme, já sabemos como vai se dar a revanche. Se você não quiser spoiler, pule o próximo parágrafo.

Estamos falando de viagem no tempo. Para ressuscitar meio mundo, é preciso que os heróis façam algo antes que os eventos mostrados em “Guerra Infinita” aconteçam.

O blá-blá-blá científico que resulta dessas discussões é risível, no mau sentido. Importante sublinhar isso porque o riso é tema caro na maioria dos filmes da Marvel.

Neste, descamba para o exagero. Após duas horas de um roteiro praticamente sem ação ou lutas, percebemos que estamos diante de uma comédia. Praticamente todos os diálogos querem arrancar gargalhadas do público. Muitos funcionam, outros não.

O público, aliás, é outro personagem de “Ultimato”. Quando Capitão América dá uns tabefes em Thanos, já na terceira e mais movimentada hora, a plateia aplaude e urra. Depois dessa, a cada pequena vitória de nossos heróis será saudada com gemidos de felicidade e bateção de palmas.

Tem gente que acha isso parte da experiência do cinema, uma vivência coletiva. Para outros, é um incômodo.

No caso da exibição para a imprensa nesta terça (23), lotada, foi constrangedor ver e ouvir colegas jornalistas e críticos se darem assim, como se fossem fãs. Talvez porque blogueiros e influenciadores digitais estejam tomando conta da situação —e das sessões de imprensa. Sentado atrás de mim tinha um cara com a manopla de Thanos (de plástico), pelo amor de Deus!

Parece que os diretores Anthony e Joe Russo, além dos roteiristas produtores, consideraram que os Vingadores já eram aposta ganha e pouco se esforçaram neste último título da franquia. Chris Evans (Capitão América) e Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) já vinham reclamando há tempos que estavam cheios dos personagens.

Além deles, o que aparece de grande ator em “Ultimato” não está escrito. Scarlett Johansson, Brie Larson, Evangeline Lilly, Bradley Copper (voz do guaxinim), Mark Ruffalo, Jeremy Renner e Gwyneth Paltrow são alguns dos heróis. É um desperdício.

As participações especiais impressionam ainda mais: Robert Redford, Michelle Pfeiffer, Michael Douglas, Tilda Swinton, Natalie Portman, William Hurt, talentos de primeiríssima grandeza. O problema é que a maioria só aparece mesmo, não interpreta nada nessa história de trovões, clarões e explosões sem fim.

Para não dizer que tudo em “Ultimato” é de má qualidade, salvam-se as canções da trilha sonora: “Dear Mr. Fantasy”, do Traffic, abre o filme com categoria. Depois temos The Kinks com “Supersonic Rocket Ship” e Rolling Stones com “Doom and Gloom”. “Hey Lawdy Mama”, do Steppenwolf, fecha o quarteto de boas canções.

Não é o suficiente para considerar o filme apenas ruim. Ele é péssimo mesmo.

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