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Cinema

Apesar de cativante, 'Brightburn' se apoia em tentativas de susto fácil

Filme baseado em história de Alan Moore conta história de super-herói das trevas

Brightburn - Filho das Trevas

  • Classificação 16 anos
  • Elenco Jackson A. Dunn, Elizabeth Banks, David Denman
  • Produção EUA, 2019
  • Direção David Yarovesky

Nerd: não leia este texto, pois repleto de spoilers ele está.

Aliás, nem assista ao trailer deste filme de ação/terror, pois ele conta tudo também.

À parte isso, temos um meteoro que cai numa fazenda no interior do Kansas. Na verdade, é uma nave espacial trazendo um único ocupante, um fofo bebê de outro planeta.

A criança é adotada e criada por um simpático casal de caipiras. Conforme cresce, o alienígena vai descobrindo que tem superforça, é megarrápido, invulnerável, voa e lança raios de calor pelos olhos.

Essa é história de Clark Kent, o Super-Homem, que veio do planeta Kripton. E também é a história Brandon Breyer, o garoto de dez anos que, como já entrega o subtítulo nacional, está do outro lado da força: é um filho das trevas.

Pois bem, estamos diante de uma revisão do mito do herói perfeito ou super-herói. Um ser que deveria ser do bem, mas que por acaso é do mal. 

A história vem da turma dos filmes “Guardiões da Galáxia”, da Marvel. Diretor dos dois títulos da série e já anunciado na terceira parte, James Gunn produz “Brightburn”, cujo roteiro é escrito por seu irmão Brian Gunn e pelo primo deles, Mark Gunn.

Esse roteiro, deve-se dizer, é totalmente chupado (ou é repleto de citações, se você preferir). Além de aproveitar a história do Super-Homem, “Brightburn” bebe diretamente na fonte de outra história em quadrinhos: “Miracleman”, escrita por Alan Moore no início dos anos 1980, quando ainda publicava apenas na Inglaterra.

Moore, criador de “Watchmen” e “V de Vingança”, entre outros, já havia previsto o que aconteceria com um garoto com tantos poderes, se não tivesse a supervisão de outros heróis (e/ou adultos). Seu Kid Miracleman cresce e se torna um déspota como o vilão Brightburn.

Outros momentos remetem ao vilão dos anos 1980: a última morte do filme é semelhante à que Miracleman perpetra em seu criador (não vou contar qual é).

E o genocídio dos londrinos cometido com enorme crueldade por Kid Miracleman aparece por todo o filme: o diretor David Yarovesky, certamente fã de filmes B, tem grande prazer em mostrar mandíbulas penduradas e situações sanguinolentas desse tipo.

Ponto positivo é o fato de o diretor não retroceder em busca de um final feliz. As coisas certamente vão piorando para os personagens de “Brightburn”.

Yarovesky, no entanto, é um diretor B. Apesar do roteiro cativante, se apoia em tentativas de susto fácil, como barulhões desnecessários ou o velho truque de ameaçar, depois tranquilizar o ambiente e em seguida atacar de verdade.

O maior erro, porém, vem do roteiro. Kid Miracleman se torna mau porque é superpoderoso em um mundo de pessoas normais. Para Alan Moore, ele se corrompe com o poder total. Faz parte da alma humana. “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”, diz a antiga frase.

No caso de Brightburn, há uma espécie de chamado sobrenatural de sua nave, logo na primeira parte do filme, como se o garoto fosse de boa índole, mas teve seu caráter desviado por uma possessão alienígena.

Parece bastante ingênuo nessa altura do campeonato.

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