Descrição de chapéu Televisão

Em luta contra Netflix e outros serviços, Globo tenta ser gigante tecnológica

Emissora faz investimento bilionário e aposta na plataforma do Globoplay

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

"Shippados", série sobre fracassos amorosos que estreia com exclusividade no Globoplay no próximo dia 7, é resultado da aposta do Grupo Globo em se transformar no que vem chamando, em seus comunicados, de media tech.

Ou seja, uma empresa de tecnologia e conteúdo, como Netflix e outros gigantes que já estão no país ou ameaçam entrar no mercado brasileiro até o final do ano que vem, caso do Disney+.

A estratégia tem várias frentes, parte do projeto "Uma Só Globo" lançado no ano passado, para a unificação do grupo, mas as atenções estão voltadas para o Globoplay. Vem dele também o primeiro efeito prático das mudanças.

Pelo balanço de 2018, a TV Globo registrou redução de 38% na geração de caixa operacional, de R$ 2,3 bilhões para R$ 1,4 bilhão —os números foram fornecidos pelo próprio grupo. Ao site Teletime, a Globo creditou os números operacionais aos investimentos feitos, principalmente, no Globoplay, tanto em conteúdo quanto na plataforma.

Segundo Guy Bisson, da consultoria britânica Ampere, especializada em streaming, é algo "absolutamente esperado". O caso da Disney, cujos gastos para lançar o Disney+ no final deste ano nos Estados Unidos já se aproximam dos US$ 10 bilhões, seria ainda mais extremo.

Envolve não só o investimento em conteúdo, marketing e infraestrutura, inclusive a aquisição total do Hulu, mas a perda de receita com o conteúdo vendido hoje para Netflix, Globoplay e outros.

João Mesquita está há pouco mais de um ano no comando do Globoplay, que se tornou no período um serviço propriamente de streaming, não de reprodução ou catch up da programação aberta —o que ele enfatiza lembrando que agora é para falar "o" e não mais "a" Globoplay.

O executivo afirma que os investimentos têm sido feitos majoritariamente em conteúdo, tanto em produções originais como "Shippados" e "Ilha de Ferro", dos Estúdios Globo, quanto no licenciamento de estrangeiras como "Killing Eve" e "The Handmaids Tale".

Acrescenta que, depois de entrar em streaming com atraso, a projeção do Grupo Globo é seguir investindo por uma década nesse mesmo ritmo e com precedência sobre os outros.

Quanto ao marketing, considerado o segundo maior custo no setor depois do conteúdo, ele vem de graça na própria TV Globo, que segundo o executivo passou por uma mudança de paradigma e agora abraça o Globoplay nos intervalos e até durante os programas.

O custo para melhorar a infraestrutura de distribuição e a plataforma também teria sido relativamente pequeno, segundo Mesquita, já com bons resultados e só precisando de aprimoramento a partir de agora.

No rastro do relançamento do Globoplay, no ano passado, os serviços de streaming Telecine Play (de filmes) e Premiere (de esportes) se desvincularam da TV paga e passaram a ser oferecidos a custo menor pela internet, inclusive em combos com desconto. A integração técnica das três plataformas talvez nem aconteça, diz o executivo, mas elas já atuam comercialmente como uma só.

Como parte do projeto "Uma Só Globo", a produtora e programadora de TV paga Globosat deixará de existir no final deste ano, integrando-se à Globo. Segundo o presidente da unidade, Alberto Pecegueiro, a perspectiva para completar a consolidação do grupo como um todo é de três anos.

Tanto ele como Mesquita sublinham que o processo de unificação começou em esportes, sob o comando de Roberto Marinho Neto, da quarta geração da família que controla o grupo. Há dois meses, avançou também pela área comercial, com a reunião de toda a corporação sob uma diretoria integrada de negócios, chefiada por Eduardo Schaeffer.

"O que estamos fazendo é a integração definitiva do tradicional ao digital, da inteligência artificial à criatividade humana", afirmou em nota o diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder.

Entre outras frentes em desenvolvimento está o chamado Globo ID, que visa centralizar as informações sobre os usuários das várias plataformas digitais do grupo, pagas ou não, do Globoplay ao Cartola Futebol Clube.

Só estariam de fora da unificação, por enquanto, a Infoglobo, empresa que reúne jornais como O Globo e Valor, e o Sistema Globo de Rádio, com emissoras como a CBN.

"Daqui a algum tempo não teremos mais empresas separadas", declarou o presidente executivo do grupo, Jorge Nóbrega, em entrevista ao Valor. "Vamos ter uma só Globo. E a Globo será uma empresa de muitos serviços."

Pecegueiro lembra que a consolidação hoje é generalizada em mídia e telecomunicações no mundo, uma "epidemia" que toma conglomerados estrangeiros, todos priorizando streaming e distribuição digital, como Disney, AT&T e Viacom —esta também prestes a lançar seu serviço no Brasil, o Paramount+.

O executivo brinca que a atual estrela em media tech, a Netflix, que se estabeleceu há mais de sete anos no Brasil, é como um dinossauro ameaçador da franquia de filmes "Parque dos Dinossauros", que acaba sendo engolido por um dinossauro maior.

A Globo nunca será o dinossauro maior, mas, como lembram tanto Mesquita quanto o analista Guy Bisson, o fato de atuar num só país é vantagem, entre outros fatores, por poder vender sua produção aos gigantes no resto do mundo.

Atrações e preços de streaming

Globoplay
R$ 19,90
Séries como "Ilha de Ferro', 'Deadly Class' e 'Babylon Berlin'
globoplay.globo.com

Telecine Play
R$ 37,90
Filme como 'Christopher Robin' e 'Euforia'
telecineplay.com.br

Premiere
R$ 79,90
Campeonato Brasileiro e estaduais
globosatplay.globo.com/premierefc/

Globoplay + Telecine Play
R$ 49,90

Globoplay + Premiere
R$ 94,90

Telecine Play + Premiere
R$109, 90
 

Netflix
A partir de R$ 21,90 por mês
Séries como 'Stranger Things' e filmes como 'Roma'
netflix.com

Amazon Prime Video
R$ 14,90
Séries como 'Maravilhosa Sra. Maisel' e filmes como 'Lizzie'
primevideo.com

HBO Go
R$ 34,90
Séries como 'Game of Thrones'
hbogo.com.br

Mubi
R$ 27,90
Filmes clássicos e independentes de diversos países
mubi.com/pt

Esporte Interativo Plus
R$ 19,90 (com assinatura anual: R$ 13,90 por mês)
Campeonatos como a Liga dos Campeões
eiplus.com.br

DAZN
R$ 37,90
Campeonatos como Sul-Americana, Italiano e Francês
watch.dazn.com/pt-BR/sports/

PlayPlus
A partir de R$ 12,90
Transmissão e catálogos de Record e Disney/ESPN
playplus.tv

Erramos: o texto foi alterado

O texto foi alterado para corrigir o valor da mensalidade do Premiere

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.