Descrição de chapéu Artes Cênicas

'Cabaré Transpoético' reúne poemas sobre a brutalidade

No espetáculo, atrizes declamam texto dirigido por Aderbal Freire-Filho

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As atrizes Lucélia Santos (terno e gravata) e Beatriz Azevedo, em cena de 'Cabaré Transpoético', no teatro Sesc Pompeia - Lenise Pinheiro/Folhapress
São Paulo

​A cantora, atriz e poeta Beatriz Azevedo mudou-se da zona oeste de São Paulo para o Rio de Janeiro em 2013, e sua percepção sobre o país mudou junto.

Na cidade em que favelas avançam sobre bairros nobres, ficou mais escancarada a brutalidade que ela já pressentia na capital paulista, sensação que passou a influenciar a criação de poemas, hoje reunidos no livro “Abracadabra” (selo Demônio Negro).

Quase 70% da obra foi levada à cena na peça “Cabaré Transpoético”, em cartaz no Sesc Pompeia, com direção de Aderbal Freire-Filho.

Foi na capital fluminense que a autora entendeu de uma vez por todas o que eram as milícias, diz. Que, ainda em 2013, viu os jornais e a TV falarem do desaparecimento de Amarildo após a operação policial Paz Armada, na favela da Rocinha, e, mais recentemente, do assassinato a balas da vereadora Marielle Franco.

São assuntos presentes entre os poemas que viram performances no palco por Azevedo e Lucélia Santos, acompanhadas por músicos. 

Fala-se, por exemplo, de um país onde “um negro acorrentado no poste não choca”. 

“O que choca é a bunda” prossegue o texto, em referência à série de censuras contra obras artísticas nos últimos anos.

Também passa pelo jogo de memórias políticas de Azevedo as paisagens de Minas Gerais, transformadas após os rompimento de barragens de rejeitos, primeiramente em Mariana e, depois, em Brumadinho.  

É aí que o texto recorre ao ponto mais lírico, ou à  sensação “de ter a existência vinculada a um território minado”, como define a atriz, que tem parte da família da mãe nascida justamente na região de Mariana. “Sempre quis visitar aquela região. Hoje esse sonho não existe mais”, lamenta.

Cabaré Transpoético

  • Quando Qui., sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h.
  • Onde Sesc Pompeia, r. Clélia, 93
  • Preço De R$7,50 a R$ 25
  • Classificação 16 anos
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