O filme “Port Authority” leva às telas códigos de um universo com os quais os fãs do reality show RuPaul’s Drag Race e da série “Pose” já estão bem familiarizados —o dos jargões de travestis e transexuais que frequentam os chamados bailes kiki. O filme, exibido na seção Um Certo Olhar do Festival de Cannes, tem direção da americana Danielle Lessovitz e produção da brasileira RT Features.
O título do longa se refere ao terminal de ônibus em Manhattan onde desembarca Paul (Fionn Whitehead, de “Dunkirk”), garoto-problema do interior. Sem um teto onde dormir, ele acaba indo parar num abrigo no Harlem e não demora para se encantar por Wye (Leyna Bloom), uma jovem que participa o voguing (estilo baseado nos movimentos das passarelas) na noite nova-iorquina.
O que o protagonista logo se dará conta é que Wye é transexual, o que o forçará a um reexame de seus próprios preconceitos e, sobretudo, o do grupo de amigos homofóbicos que o acolhem na cidade.
O dilema é pretexto para que a estreante Lessovitz explore a superfície do universo do kiki. Wye divide o apartamentinho com outras sete pessoas, todas membros da comunidade LGBT e igualmente depauperadas, que se juntam para enfrentar preconceitos de ordem social e sexual. Essas uniões, verdadeiras famílias postiças, são as chamadas casas que se enfrentam nem competições de voguing nos bailes.
“Port Authority” é um dos títulos com DNA brasileiro na programação do Festival de Cannes, o mais importante do mundo. Seu produtor, Rodrigo Teixeira, também está por trás de “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, que também participa da seção Um Certo Olhar, e de “The Lighthouse”, de Robert Eggers, que integra a Quinzena dos Realizadores.
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