Mark Ronson faz 'balada triste' após sucesso com cantoras pop

DJ e compositor trabalhou com nomes como Amy Winehouse, Adele e Lady Gaga

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São Paulo

Mark Ronson está triste, mas nem por isso pensa em abandonar a pista de dança. “As músicas que estavam saindo eram emotivas, mas também tenho 20 anos de carreira como DJ”, diz. “Ainda quero poder ir a um clube ou a um festival e pessoas conseguirem dançar essas músicas.”

No próximo dia 21, o músico, produtor e DJ britânico chega ao quinto álbum solo de sua carreira. “Late Night Feelings” mistura canções dançantes —característica pela qual é conhecido— com um clima de fim de relacionamento. No caso, o próprio casamento.

As novas músicas têm origem exatamente quando acaba a relação de cinco anos de Ronson com Joséphine de La Baume. Ele e a atriz e modelo francesa se separaram em 2017.

“Sabia que queria trabalhar nesse disco há uns três anos”, confessa Ronson. “Tentava várias ideias diferentes e não sabia muito aonde ir. Queria fazer algo no estilo de ‘Uptown Funk’, mas obviamente percebi que era uma péssima ideia.”

“Uptown Funk”, parceria de Ronson com Bruno Mars, saiu há cinco anos, dando novo gás à carreira do produtor. Sucesso instantâneo, com sonoridade descrita já no título, a música levou o Grammy de gravação do ano e recolocou Ronson como nome por trás de um grande hit.

Até então, o trabalho pelo qual ele era mais conhecido foi a produção de “Back to Black” (2006), principal álbum de Amy Winehouse. Depois de “Uptown Funk”, Ronson produziu “25” (2016), disco extremamente bem-sucedido de Adele e colaborou com Lady Gaga em “Joanne” (2016).

A euforia da ideia inicial de desenvolver o funk gradativamente foi dando lugar ao clima de balada triste que acaba tomando conta de “Late Night Feelings”. “Comecei a ir ao estúdio por conta própria e muitas emoções vieram nesse momento”, explica.

“Late Night Feelings” acabou retratando o paradoxo que é lidar com a tristeza de uma decepção pessoal e ao mesmo tempo estar em conexão com as pistas de dança.

O primeiro single do álbum é uma balada eletrônica melódica e cheia de violinos com vocais de Miley Cyrus. O título entrega: “Nothing Breaks Like A Heart” (algo como nada quebra como um coração, em português).

“Desde que a vi cantando daquele jeito country, na televisão, já sentia aquela coisa de Nashville, aquele estilo”, diz Ronson.

O produtor já estava trabalhando no novo disco quando conheceu Cyrus. Foi dela a ideia do refrão e título do principal single do trabalho. “Foi uma surpresa incrível”, conta.

Ronson reuniu músicos de confiança e recrutou diversas cantoras para assumirem as vozes do disco.

Além de Cyrus, a lista traz nomes pop como Lykke Li, Camila Cabello e a novata Yebba, além da veterana do R&B, Alicia Keys. Até Angel Olsen, cantora de indie rock, encontrou espaço nas batidas do produtor.

Para Ronson, a escolha de quem vai cantar o que no disco é “sempre muito aleatória”. “Não tem tanta ideia por trás, são pessoas que conheço ou de quem gosto do trabalho.”

No caso de Alicia Keys, apesar de conhecer a artista há cerca de duas décadas, ele só agora conseguiu entrar em estúdio com ela.

“Quando a conheci, ela tinha acabado de assinar um contrato de gravação”, lembra. “Ela tinha uns 18 anos de idade, estava saindo da escola. Foi em um pequeno estúdio que eu tinha em Nova York. Fiquei muito impressionado, mas depois ela se tornou uma das maiores vozes da música atual.”

Uma das ausências óbvias na lista de participações foi a cantora Robyn. Conhecida justamente pela capacidade de fazer hits ao mesmo tempo tristes e dançantes, ela foi uma das inspirações de Ronson—que a chama de “rainha”— na fase atual. “Um dia vamos fazer algo”, promete. Além de Robyn, Ronson cita Diana Ross e o pop dos anos 1960 como uma das referências nessa seara.

Já no caso de Angel Olsen, o convite aconteceu graças a “My Woman”. O disco que Olsen lançou em 2016 foi a trilha sonora de Ronson para enfrentar o próprio divórcio.

Mesmo que improvável, o resultado da parceria, “True Blue”, soa como um meio termo entre seus dois 
autores. É sofrida demais para ele e ao mesmo animada demais para ela.

Segundo Ronson, foi da cantora que vieram os acordes e melodias ao piano. Depois, ele acrescentou batidas, baixos e timbres. Mas, no caso do britânico, a dinâmica de trabalho sempre varia de artista para artista.

Essa flexibilidade, inclusive, é um dos segredos para tantas colaborações de sucesso ao longo da carreira. “Ser um produtor tem muito a ver com ser um ouvinte”, reflete. “Tem que ter um pouco de bom gosto e algum tipo de instinto, entender o que está dando certo.”

“Também dedico a maior parte do meu tempo a isso”, ele conta. “Não tenho uma vida para além disso. Mas realmente gosto. Tem a ver com o prazer em ver uma pessoa se abrindo, botando para fora algo íntimo ou fazendo uma performance.”

Um dos exemplos é Lady Gaga, que fez o disco mais pessoal de sua carreira com Ronson. “Ela se sentia segura comigo”, conta. “Se não fosse assim, acho que ela não chegaria a algo tão honesto.”

O maior desafio, diz o produtor, é conseguir “amplificar os atributos positivos” dos artistas com os quais ele colabora. No novo álbum, contudo, ele teve de trabalhar para maximizar os seus atributos —posição incômoda para quem costuma ser só um coadjuvante.

“Acho que colaborei com todas essas pessoas porque eu não precisava ter a responsabilidade de lidar com os meus sentimentos”, diz, antes de resumir o conceito de “Late Night Feelings” em uma frase: “Agora, estou lidando com  minhas emoções —mas também sendo um DJ”.

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