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Melhor que filme do Queen, longa sobre Elton John não esconde sexo ou drogas

Obra é comercial, mas faz retrato honesto do artista

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Taron Egerton na pele de Elton John em 'Rocketman'
Taron Egerton na pele de Elton John em 'Rocketman' - David Appleby/Divulgação
Cannes (França)

“Rocketman”, cinebiografia sobre Elton John, é tudo o que o anódino “Bohemian Rhapsody” não consegue ser. Embora seja uma obra igualmente comercial, assim como o filme do Queen, faz um retrato honesto e não esconde reluzentes carreiras de cocaína, cenas tórridas de sexo gay ou os fracassos do biografado da vez. O longa fez sua estreia mundial no Festival de Cannes e entra em cartaz no Brasil no próximo dia 30.

Uma de suas sacadas é o fato de ser um musical, isto é, repleto de números cantados pelos atores e com função narrativa, em vez de simplesmente reproduzir cenas de shows. O registro também é completamente diferente, mais fantástico e menos realista do que a história sobre Freddie Mercury.

Não dava mesmo para esperar outra coisa da biografia de uma pessoa tão extravagante como Elton John. O diretor Dexter Fletcher usa as canções do músico para acompanhar cenas de orgias psicodélicas e apresentações em que os espectadores voam em êxtase.

A história acompanha a trajetória do garoto gordinho e com problemas de autoestima que é um ás no piano. A rebeldia recalcada, fruto de ter vindo de uma família desestruturada, o levaria para o rock e para a bem-sucedida parceria com Bernie Taupin, seu letrista.

 

Tudo é contado a partir da perspectiva do músico já mais velho e que vai procurar ajuda num grupo de ajuda mútua para superar todos os vícios (bebida, droga, remédio, sexo). A primeira cena o traz montadíssimo e com um enorme par de asas vermelhas contando os problemas numa roda.

Daí se seguem relatos do pai durão e da mãe distante, shows concorridos, festas na piscina e muita bebedeira. Tudo é costurado por números dos muitos hits do músico: “Your Song”, “Goodbye Yellow Brick Road”, “Bennie and the Jets”, “Rocket Man”, “Daniel”… Na maior parte das vezes, as letras caem como uma luva na história que se conta; noutras, nem tanto.

Em conversa com a imprensa após a exibição, a equipe do filme não se safou de comparações com “Bohemian Rhapsody”. Fletcher, aliás, foi quem assumiu a direção do longa sobre o Queen após a conturbada demissão de Bryan Singer e evitou comentar o assunto. “Vamos falar sobre ‘Rocketman’, pessoal?”, pediu.

“Os dois filmes são lances totalmente diferentes”, afirmou Taron Egerton, inglês de 29 anos que assumiu o papel de Elton John. “O nosso é um musical, e não uma cinebiografia tradicional. Adotamos licenças poéticas, as canções não são cronológicas.”

Outra das grandes diferenças é o retrato da sexualidade do biografado. Se o filme sobre Freddie Mercury escondia as aventuras homossexuais do cantor, “Rocketman” se permite um pouco menos de pudor e exibe Egerton em amassos com Richard Madden, que faz o papel do seu empresário cafajeste.

Ainda assim, Fletcher foi forçado a cortar 40 segundos das cenas de sexo, segundo a imprensa britânica, mas o diretor não comentou o assunto.

O jornalista se hospeda a convite do Festival de Cannes

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