Após cirurgia, Mick Jagger volta aos palcos como se nada tivesse acontecido

Cantor de 75 anos dançou e pulou durante duas horas em show em Chicago

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Dean Goodman
Chicago

Conheça o novo Mick Jagger. Igual ao velho Mick Jagger. Apenas dois meses e meio depois que o enérgico vocalista dos Rolling Stones passou por uma cirurgia cardíaca que fez alguns fãs temerem o pior, a banda deu início à atrasada turnê americana em Chicago na sexta-feira (21), como se nada tivesse acontecido.

Jagger, que completará 76 anos em 26 de julho, quase não suou enquanto cantava, dançava e pulava durante duas horas sobre o enorme palco do estádio de futebol americano Soldier Field. Foi um lembrete comovente de que o filho do professor de ginástica provavelmente está em melhor forma do que a maioria de seus fãs, mesmo aqueles com metade da sua idade.

"Eu achei que Mick estava com tanta energia quanto sempre o vi exibir", disse o doutor Bruce Lambert, diretor do Centro de Comunicação e Saúde da Universidade Northwestern, nos arredores de Chicago.

Jagger às vezes falava e fazia brincadeiras entre as músicas, mas não mencionou a cirurgia; nem seus companheiros de banda. Alguém poderia se perguntar se ela havia acontecido.

Mas aparentemente aconteceu. Jagger anunciou em 30 de março que a banda iria adiar sua turnê americana de 2019, marcada para começar em Miami em 20 de abril, para que ele pudesse passar por "tratamento médico". O anúncio chocou o mundo da música, já que Jagger pratica um regime estrito de balé, exercícios com pesos e alimentação saudável, e portanto se supõe que viverá para sempre.

Logo se soube que ele precisava de uma substituição de válvula cardíaca. E foi o que ele recebeu alguns dias depois, durante uma operação totalmente rotineira, na avaliação de especialistas médicos.

Ao longo do caminho, os promotores da turnê afirmaram que ela começaria em junho ou julho, mas isso não impediu os médicos de poltrona de especularem que os Stones deveriam se aposentar, ou que Jagger deveria desacelerar, ou pelo menos relaxar até o outono, assim evitando o calor do verão.

Os novos shows foram anunciados há algumas semanas, apesar de não terem sido modificados para Chicago (21 e 25 de junho) e Ontário (Canadá - 29 de junho), onde a turnê de 17 datas originalmente deveria terminar.

Ela terminará agora em Miami, em 31 de agosto, em plena temporada de furacões na Flórida. A banda tocou pela última vez há quase um ano, quando terminou uma turnê europeia em Varsóvia (Polônia) em 8 de julho.

O espetáculo de sexta-feira, talvez por sorte, ocorreu sob temperatura fria para a época. Jagger, comentando que os Rolling Stones tocaram em Chicago 38 vezes desde 1964, brincou que eles amaram tanto a cidade que decidiram começar a turnê por lá.

O show começou com "Street Fighting Man", com a aparição de Jagger provocando um rugido entre as dezenas de milhares de fãs —como acontece em todos os shows. Mas ele não se deixou amolecer, porque estava lá para liderar sua banda, que incluía o guitarrista Keith Richards, que recentemente chocou os fãs ao revelar que está cortando a bebida.

Richards, cinco meses mais moço que Jagger, parecia diferente. A bandana de sua marca registrada desapareceu, e seu cabelo grisalho —mas ainda abundante— havia ficado magicamente castanho-claro.

Os chamados "Gêmeos Brilhantes", acompanhados pelo guitarrista Ronnie Wood, 72, e o baterista Charlie Watts, 78, raramente diminuíam a velocidade.

Em certo momento, eles percorreram a passarela até um pequeno palco quase no centro do estádio para tocar duas músicas acústicas, "Angie" e "Dead Flowers". As músicas escolhidas pela banda não variaram muito em muitos anos. A única verdadeira surpresa foi a ressurreição de "Sad Sad Sad", um rock simples que abriu o álbum "Steel Wheels", de 1989.

Isso pareceu confundir muitos fãs, ao contrário de clássicos consagrados como "Miss You", "Brown Sugar" e "Jumpin' Jack Flash". Durante o encerramento do set, com "(I Can’t Get No) Satisfaction", muitos fãs cansados saíram mais cedo para escapar da multidão. Jagger parecia estar apenas começando.

Dean Goodman, 50, assistiu a 268 concertos dos Rolling Stones desde 1989

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves 

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