Burle Marx dá ares tropicais ao Jardim Botânico de NY

Paisagista brasileiro é tema da maior exposição já feita na instituição americana

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Imagem aérea da exposição 'Brazilian Modern: The Living Art of Roberto Burle Marx', no Jardim Botânico de Nova York

Vista aérea do trajeto que emula o calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, e que conduz os visitantes da mostra dedicada a Burle Marx em Nova York Divulgação

Nova York

Nova York é conhecida por sua grande variação nas temperaturas. No inverno, não é raro que os termômetros despenquem a -20ºC. Já o verão é úmido e sufocante, com temperaturas que lembram as do Rio de Janeiro.

É nessa janela de calor aberta no meio do ano que floresce a exposição "Brazilian Modern: The Living Art of Roberto Burle Marx" —a maior já dedicada ao paisagista e artista plástico brasileiro e também a maior já promovida pelo Jardim Botânico de Nova York.

Importante no Brasil, Burle Marx (1909-1994) é reconhecido também nos Estados Unidos. Seus trabalhos no país incluem o calçadão do Biscayne Boulevard, em Miami, e os jardins da sede da OEA (Organização dos Estados Americanos), em Washington.

Em 2016, o Jewish Museum, em Nova York, organizou uma mostra abrangente de sua carreira, incluindo trabalhos em pintura, escultura, tapeçaria e joalheira. Mas, por causa das limitações do espaço, os projetos de paisagismo foram relegados a fotos e rascunhos.

A programação no Jardim Botânico não tem esse problema. Ao contrário: seu diferencial é um grande jardim ao ar livre, percorrido por uma sinuosa alameda de pedras portuguesas —uma referência ao calçadão da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, talvez a sua obra mais famosa.

Ladeando o caminho, há uma profusão de samambaias, bromélias, palmeiras, orelhas-de-elefante e diversas outras plantas tropicais, muitas vindas do Brasil. Um lago evoca a sede do Banco Safra, em São Paulo, também assinado por Burle Marx. O impacto visual é fortíssimo: as cores berrantes se harmonizam, dando a sensação de que homem e natureza podem conviver em paz.

A experiência é reforçada por plaquinhas. Basta aproximar o celular de algum delas para ter acesso a uma playlist de músicas brasileiras ou fazer um teste sobre qual planta que combina melhor com você.

O calçadão conduz ao Enid A. Haupt Conservatory, uma estufa de estilo vitoriano onde estão expostas as espécies vegetais favoritas de Burle Marx, inclusive algumas das mais de 50 que foram descobertas por ele e batizadas com seu nome.

A terceira parte da mostra é um espelho d'água ao ar livre coberto por plantas aquáticas, outra paixão do paisagista. Todas as três instalações foram projetadas por Raymond Jungles, arquiteto baseado em Miami que trabalhou com Burle Marx nas décadas de 1980 e 1990.

Por fim, o prédio centenário da LuEsther T. Mertz Library abriga, em seus andares superiores, uma amostra pequena, porém representativa, do trabalho de Burle Marx nas artes plásticas, reunindo pinturas, gravuras e tapeçarias. Também há uma instalação que recria o ateliê do artista, além de uma galeria com mapas e informações científicas sobre biomas brasileiros.

Na manhã do dia 8 de junho, o sábado que abriu a mostra ao público, a afluência de visitantes era grande. Muitos não eram frequentadores assíduos do Jardim Botânico, que fica no distrito do Bronx, ao norte de Manhattan.

Muitos diziam que foram atraídos pelo trabalho do paisagista e suas preocupações ecológicas, que formam um contraste gritante com a política ambiental do atual governo americano. E também com a do brasileiro.


Brazilian Modern: The Living Art of Roberto Burle Marx

Jardim Botânico de Nova York. Ter. a dom., das 10h às 18h. Ingr.: US$ 23 a US$ 28 (fins de semana e feriados). Até 29/9. Mais: nybg.org

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