Uma coalizão de trabalhadores de Hollywood e defensores dos direitos dos gays está apelando para que o site de cinema e televisão IMDb deixe de publicar os nomes de batismo de artistas transgênero e outros trabalhadores sem o consentimento destes, prática conhecida como "deadnaming" e que seus detratores dizem perpetuar a discriminação.
"Revelar o nome de batismo de uma pessoa transgênero sem seu consentimento explícito constitui invasão de privacidade que só serve para solapar a identidade autêntica da pessoa trans, e a expõe a risco de discriminação ou mesmo violência", disse Nick Adams, diretor de representação transgênero na Glaad, uma organização que monitora a representação de pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgênero pela mídia.
Na quarta-feira, a Glaad anunciou que, em companhia de outras organizações de defesa dos direitos dos gays e transgêneros, apoiaria uma contestação judicial que está sendo preparada pelo SAG-Aftra, um sindicato de Hollywood, para impedir o IMDb de publicar certos dados pessoais sobre artistas de Hollywood e outros trabalhadores.
Em comunicado, um porta-voz do IMDb disse que a empresa "tem o compromisso de ser a fonte mais completa de informações sobre cinema, televisão e celebridades", e que ela "se esforça por representar a identidade de gênero de um indivíduo e ao mesmo tempo refletir com precisão os créditos de elenco e de equipes técnicas de produções na forma como eles apareciam nas telas quando do lançamento original dessas produções".
Essa não é a primeira vez que o site enfrenta questões a respeito dessa prática. Em abril, representantes de dois artistas transgênero disseram ao IndieWire que o IMDb havia ignorado seus pedidos para que removesse seus nomes de batismo do site. E Adams disse que a Glaad vem pressionando o IMDb já há anos para que remova de seu site os nomes de batismo das pessoas transgênero, sem resultado.
A contestação judicial gira em torno de uma lei estadual contra a discriminação por idade, na Califórnia, que requer que sites que postam informações sobre créditos por trabalho no setor de entretenimento, como o IMDb, removam de suas listas as datas de nascimento de artistas, caso assim solicitados. A lei foi defendida pelo SAG-Aftra, que representa 160 mil artistas e trabalhadores do cinema, televisão e mídia eletrônica, mas um juiz federal a considerou ilegal em 2018.
O SAG-Aftra está recorrendo dessa decisão, e agora tem o apoio da Glaad e de outras organizações, como a National LGBTQ Task Force, Transgender Law Center e Transgender Legal Defense & Education Fund, que esperam que a proteção à privacidade que a lei confere possa ser estendida à questão dos nomes de batismo das pessoas transgênero.
O governo do estado da Califórnia também está recorrendo da decisão.
Entre os artistas transgênero cujos nomes de batismo foram publicados pelo IMDb está Laverne Cox, que no ano passado usou suas contas de mídia social para descrever o "deadnaming" e o "misgendering" —designar uma pessoa por um pronome de gênero com o qual ela não se identifica como "o maior dos insultos".
Tradução de Paulo Migliacci
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