O primeiro episódio já mostrou a exuberância de imagens e ao mesmo tempo o rigor jornalístico que seriam de esperar do New York Times. Não faltou também apuro dramático, talvez até demais.
O The Weekly segue o projeto iniciado no podcast The Daily, do mesmo jornal. Mergulha nas reportagens, buscando aprofundá-las e não facilitá-las para a audiência, no caso, do canal FX e da plataforma de streaming Hulu.
Estreou com intervalos comerciais robustos, um sinal positivo quanto à sua viabilidade. A primeira temporada acompanha mais de 30 jornalistas, dos 1.600 do Times.
Escolhido para abrir o projeto, o primeiro episódio foi de impacto emocional. Conta a história de crianças e adolescentes negros de Louisiana manipulados —alguns agredidos— por uma escola privada que promete levá-los às universidades de elite.
Muito da emoção vem dos estudantes, em especial do ex-aluno Anthony Edmond, de sua irmã e de sua mãe, que retratam o conflito de enfrentar os donos da escola. Mas vem também das duas repórteres.
Erica L. Green, que cobre educação, ocupa a tela com tensão dramática, o que dá ares quase ficcionais ao documentário. Por exemplo, é ela quem expõe, diante da câmera, o dilema de estar expondo alguns dos jovens, aqueles que de fato entraram nas universidades, ao risco de serem expulsos, por fraude.
Sua colega, Katie Benner, setorista do Departamento de Justiça, não tem a mesma presença teatral, mas levanta a história, publicada em novembro. E é quem, ao que parece, consegue a notícia que acompanha agora o vídeo, de que o FBI abriu investigação.
O episódio é redondo em estrutura dramática, o que talvez explique sua escolha para a estreia, indo da apresentação das personagens aos obstáculos que enfrentam e até um desenlace ou quase, com a recém-descoberta investigação. Nem sempre será assim, em se tratando de realidade.
O objetivo expresso do New York Times é defender o jornalismo, que está "sob ataque como nunca antes". Para tanto, a opção é ser transparente, detalhar como é feita uma apuração, como demora, segue padrões e envolve questionamentos como o de Green.
Mas no primeiro episódio o público foi levado a algo muito próximo de torcer pelas jornalistas, transformadas em protagonistas e, mais até, em modelos de bravura.
Talvez seja melhor esperar pelo segundo. Vai acompanhar a investigação sobre a cerimônia de posse de Trump, com narração de Maggie Haberman, repórter que o segue desde seus tempos de magnata em Nova York.
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