"Mistério no Mediterrâneo", novo exemplar de uma série de filmes estrelados por Adam Sandler com produção da Netflix, mostra uma maneira inventiva de recriar as tramas de assassinatos misteriosos, no estilo de Agatha Christie.
Ajuda demais a boa química do casal protagonista, interpretado por Sandler e Jennifer Aniston. Ele assume um de seus tipos favoritos, o cara meio tosco que inveja a vida sofisticada dos milionários e esconde sua frustração tentando ridicularizar o mundo dos bem-nascidos. Ela só repete o charme da Rachel de "Friends", o que ela sabe fazer de melhor, se é que sabe fazer outra coisa.
São dois pobretões. Ela é Audrey, uma cabeleireira que reclama da viagem pela Europa que o marido promete há 15 anos. Ele é Nick, um policial de reprovado no exame para detetive. Frustrado, mente para a mulher dizendo que já está na divisão de detetives, ganhando um salário maior.
Atolado em dívidas, Nick resolve levar Audrey a uma excursão por países europeus, num ônibus tenebroso cheio de turistas barulhentos. Mas o roteiro promove um encontro fortuito dos dois com o milionário Charles (Luke Evans), a caminho de um cruzeiro no iate de seu tio bilionário.
Para provocar sua família e os esnobes amigos do tio, Charles convida o casal americano para o passeio. Chegando lá, Nick e Audrey se encontram entre figuras como um marajá, um ex-ditador de país africano, uma famosa atriz de cinema e um piloto de Fórmula 1.
As piadas sobre a óbvia inadequação do casal naquele ambiente se sucedem, enquanto o espectador vai conhecendo um pouco de cada um dos convidados. O bilionário aproveita o encontro para dizer que todos ali, inclusive seu filho único, estão fora de seu testamento. Ele deixará toda a sua fortuna para Suzi, sua nova mulher, uma japonesa várias dezenas de anos mais nova do que ele.
É claro que qualquer fã de livros de mistério sabe o que acontece em seguida. O ricaço é assassinado, e praticamente todos a bordo, exceto Nick e Audrey, têm seus motivos para cometer o crime.
Mas é justamente sobre o casal que são depositadas as maiores suspeitas do detetive francês designado para o caso. Com os passaportes detidos, os dois se enrolam cada vez mais, acusados de uma nova morte na história.
Só resta a Nick provar que pode mesmo ser um detetive e resolver o mistério para escapar da cadeia. Ela, por sua vez, é devoradora de livros policiais e parece até mais capacitada do que ele para a missão.
"Morte no Mediterrâneo" é atraente e apropriado para o consumo doméstico, por streaming. Porque é divertido e inteligente, mas sem a relevância de uma grande produção que faça valer a pena sair de casa e pagar um cinemão. Recomendado para fãs de mistério e admiradores do humor boa-praça de Sandler.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.