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Promotoras de caso retratado em série sofrem consequências por condenação injusta

Sucesso da série 'Olhos que Condenam', da Netflix, reacendeu debate sobre o racismo no caso

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São Paulo

​​​​A série "Olhos que Condenam", da diretora Ava DuVernay, estreou no dia 31 de maio, na Netflix. A trama retrata o caso dos cinco adolescentes negros, que tinham entre 14 e 16 anos, condenados injustamente pelo estupro de uma executiva no Central Park, em Nova York, em 1989. 

Uma das protagonistas da história, a ex-promotora Linda Fairstein (interpretada por Felicity Huffman), então chefe da área de crimes sexuais, responsável pela acusação injusta dos jovens negros, enfrenta consequências da condenação.

Após a estreia, surgiram petições online, sob a hashtag #CancelLindaFairstein  (cancele Linda Fairstein), para que ela abandonasse o seu cargo no conselho universitário da Faculdade de Vassar, no estado de Nova York.

No dia 8 de junho, a promotora acabou se afastando da instituição, mas criticou a forma como o caso foi narrado pela Netflix. Ela disse que a história estava “cheia de distorções e falsidades” e que “nada daquilo é verdade”.

Ainda segundo a promotora, os adolescentes nunca ficaram detidos sem comida e que não estiveram sozinhos durante as interrogações, ao contrário do que a história retrata.

Após 25 anos como chefe da área de crimes sexuais na polícia de Nova York, Faistein se aposentou e se dedicou à carreira de escritora. Ela publicou 24 livros, dos quais 16 alcançaram a lista de mais vendidos do New York Times. Sua editora, contudo, divulgou que não representaria mais a escritora. 

 A ex-promotora também abandonou sua ocupação na ONG Safe Horizon, que ajuda vítimas de abuso e crimes violentos em Nova York.

O sucesso da série reacendeu o debate de racismo e motivou protestos nos Estados Unidos. Elizabeth Lederer, a promotora-chefe do caso, renunciou ao seu cargo como professora na Universidade Colúmbia, nesta quinta-feira (13).

Os alunos da Associação de Estudantes Negros de Direito acusaram Lederer de racismo e pressionaram a instituição para que ela fosse afastada do corpo docente. 

“Dada a repercussão gerada pela série da Netflix é melhor que eu não renove minha posição como professora”, disse em um comunicado.

"Olhos que Condenam" é uma série de quatro episódio que retrata a história de Korey Wise, Raymond Santana, Kevin Richardson, Antron McCray e Yusef Salaam, que passaram mais de uma década na cadeia por um crime que não cometeram.

Em 2002, Matias Reyes, um estuprador em série que cumpria pena de 40 anos de prisão, confessou o crime contra Trisha Meilli, e o teste de DNA confirmou a autoria.

A Justiça anulou a condenação dos jovens, que foram soltos. A cidade fez um acordo com os cinco em 2014 e os indenizou em US$ 41 milhões pelos anos de vida perdidos na prisão injustamente —sem admitir nenhum erro.

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