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Zeffirelli era tão importante na ópera quanto no cinema

Diretor, que morreu neste sábado, encenou peças tanto na Europa quanto nos EUA

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Não seria exagero dizer que o legado do diretor florentino Franco Zeffirelli na ópera é tão importante quanto no cinema. Ele, que morreu neste sábado (15), não apenas atuou prolificamente em grandes casas de ópera de ambos os lados do Atlântico, mas suas produções imprimiram uma marca de luxo que serviu, para os admiradores, de paradigma de excelência –e, para os detratores, sinal de um “kitsch” que precisava ser superado, mas jamais poderia ser ignorado.

Atuando inicialmente como assistente do mítico Luchino Visconti (1906-1976), Zeffirelli  assinou 21 produções de 20 títulos diferentes no Scala, de Milão. Desde “A Italiana em Argel”, de Rossini, em 1953, até “Aida”, de Verdi, em 2006 –produção que ainda está em cartaz na casa, bem como sua “La Bohème”, de Puccini, de 1963.

No teatro lombardo, Zeffirelli se tornou parceiro da diva Maria Callas, da qual foi amigo, e que dirigiu em diversas produções, como uma icônica “Tosca”, em Londres, em 1964. A amizade serviria de inspiração para seu longa ficcional “Callas Forever”, de 2002.

No Metropolitan, de Nova York, não seria exagero dizer que as escolhas de Zeffirelli ajudaram a definir a identidade visual da casa na segunda metade do século 20. Ele estreou no Met em 1964, com “Falstaff”, de Verdi, e sua produção seguinte foi nada menos que a inauguração do novo prédio, no Lincoln Center, com “Antony and Cleopatra”, do americano Samuel Barber, em 1966.

Suas montagens de duas óperas de Puccini, “La Bohème” (com 486 apresentações, a mais encenada da história da casa) e “Turandot”, seguem no repertório do teatro nova-iorquino. Outras oito foram gravadas em vídeo –e, circulando em diversos formatos, do VHS ao blu-ray, deram, ao lado de óperas lançadas como filme, como “Pagliacci” (1982), de Leoncavallo, com Plácido Domingo, difusão internacional ao seu estilo de dirigir.

Ópera Turandot, encenada no Metropolitan de Nova York, com direção de palco de Franco Zeffirelli
Ópera 'Turandot', encenada no Metropolitan de Nova York, com direção de Franco Zeffirelli - Reprodução

Aficionados em óperam mais tradicionais veneram em Zeffirelli o apelo quase literal ao libreto (sem jamais deslocar a trama da época ou local em que foi originalmente ambientada), bem como o desejo de produzir efeito emocional e catártico no espectador. O efeito normalmente era obtido com o recurso a cenários e figurinos luxuriantes –via de regra, desenhados pelo próprio diretor.

Fãs da saga “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola, conheceram esse traço de Zeffirelli: é dele a direção da montagem de “Cavalleria Rusticana”, de Mascagni, que tem um papel tão crucial no desfecho da trama do terceiro filme da série.

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