O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta sexta-feira (19) que a Ancine (Agência Nacional do Cinema) poderá ser privatizada ou extinta caso não seja possível usar filtros nas produções nacionais. A informação foi antecipada pela colunista Mônica Bergamo.
Bolsonaro, que não especificou a que tipo de filtro se referia, falou ao final de um evento no Ministério da Cidadania em comemoração do Dia Nacional do Futebol.
Ele afirmou que a ideia é que a agência vire uma secretaria ligada a um ministério ainda não definido. “A cultura vem para Brasília e vai ter um filtro sim, já que é um órgão federal. Se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos ou extinguiremos. Não pode dinheiro público ser usado para fins pornográfico.”
Ele voltou a criticar o patrocínio recebido pelo filme Bruna Surfistinha, protagonizado pela atriz Deborah Secco.
“Olha, dinheiro público para fazer filme de Bruna Surfistinha, não. Então, vou trazer o pessoal do conforto do Leblon (...) para Brasília, e pretendemos, sim, deixar de ser uma agência e passar a ser uma secretaria subordinada a nós”, afirmou. “Parabéns à esquerda. O aparelhamento não só de pessoas, mas de instituições. Você tem agência para tudo, com mandato, mas não posso fazer nada, fico completamente amarrado no tocante disso daí.”
O presidente sugeriu ainda que a agência poderia falar de “tantos heróis” no Brasil. “E a gente não fala nesses heróis no Brasil, não toca no assunto. Temos que perpetuar, fazer valer, dar valor a essas pessoas que, no passado, deram sua vida, se empenharam para que o Brasil fosse independente lá trás, fosse democrático e sonhasse com um futuro que pertence a todos nós”, disse.
Na quinta-feira (18), em cerimônia em comemoração aos 200 dias do atual governo, ele criticou o uso de dinheiro público a filmes como o de Bruna Surfistinha.
O presidente assinou decreto que transferiu o Conselho Superior do Cinema, responsável pela formulação da política nacional de audiovisual, do Ministério da Cidadania para a Casa Civil.
Bolsonaro cogitou, inclusive, diluir as funções da agência reguladora em um departamento da própria pasta, o que seria feito por meio de uma medida provisória. A possibilidade, no entanto, foi negada por Osmar Terra, segundo o qual continuará no atual formato, mas agora sediada na capital federal.
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