Cida Moreira resgata Sérgio Sampaio, 'maldito dos anos 1970', em show em SP

Apresentação trará variedade rítmica do músico, com boleros, samba e baladas

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São Paulo

O Sesc Pompeia vai abrigar um encontro de forças da música nesta sexta (26). O canto de tons dramáticos de Cida Moreira dá voz a canções do repertório de Sérgio Sampaio, morto em 1994, aos 47 anos. Para muita gente, ele foi o mais maldito dos malditos da MPB.

Esse grupo seria formado por artistas brilhantes e contra a corrente comercial das gravadora dos anos 1970, como Jards Macalé, Walter Franco, Luiz Melodia e Jorge Mautner.

Sampaio é o que teve menos prestígio nas décadas seguintes, embora tenha gravado um dos maiores hits da história, "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua". "Pare qualquer pessoa na avenida Paulista e ela provavelmente vai cantar esse refrão", diz Moreira.

"Todo mundo sabe cantar, mas bem pouca gente sabe quem é o artista." A faixa dá título ao primeiro disco de Sampaio, de 1973. Antes, ele participou de "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10" (1971), álbum coletivo que gravou com Raul Seixas, Miriam Batucada e Edy Star.

Nos discos que lançou depois, "Tem que Acontecer" (1976) e "Sinceramente" (1982), Sampaio deixou o sotaque roqueiro da estreia e elencou canções de vários estilos, com samba, choro, baladas e boleros.

"Boleros e Outras Delícias" é o nome do show de sexta, criado pelos músicos Lê Coelho e Ivan Gomes. "Eu e o Ivan já tínhamos essa paixão antiga pelo Sampaio. Tínhamos um grupo de samba autoral, Urubus Malandros, e a gente fez um projeto só com sambas dele", conta Coelho. "Que tinha o divertido nome de Sambaio", ironiza Gomes.

Os dois desenharam o novo show a partir de "Sinceramente". "É um disco independente, bancado pela família da companheira dele na época. A gente viu naquele disco uma coisa mais 'abolerada', mais dramática", explica Coelho.

"Pensando em dramático, eles chegaram em mim", interrompe Moreira. "Quando me convidaram, estava preparando o repertório do show que faço agora, e nele estava cantando de novo Sérgio Sampaio."

Ela diz que sua geração consumiu o trabalho do compositor de forma muito intensa. "Tem uma consistência poética muito bonita, tem uma importância que atravessa o tempo, um linguajar contemporâneo."

Moreira concorda que Sampaio, entre seus companheiros de época, é o que permanece menos prestigiado. "Os 'malditos' dos anos 1970 eram chamados assim só porque não faziam o gênero dos 'benditos'. O mercado não absorvia essas pessoas estranhíssimas."

Ivan Gomes crê que os projetos já feitos em homenagem a Sampaio sempre destacaram um lado roqueiro. "Isso tem muito do Raul, que estava na produção do primeiro disco. No segundo já tinha samba, outras coisas."

Na opinião do trio, essa variedade rítmica pode ter contribuído para o pouco sucesso de Sampaio, que não trouxe mais nada parecido com a levada contagiante e alegre de "Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua".  "Essa empolga, é a típica música de festival. O Sampaio tinha uma visão meio trágica da vida", diz Moreira.

A ideia deles é levar esse show para muitos palcos, tentar montar uma turnê e também registrar a apresentação, talvez em CD e DVD.

BOLEROS E OUTRAS DELÍCIAS: CANÇÕES DE SÉRGIO SAMPAIO

  • Quando Sexta (26), às 21h
  • Onde Sesc Pompeia, r. Clélia, 93
  • Preço De R$ 9 a R$ 30
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