Cineastas pedem retomada de programa que financiou 'Que Horas Ela Volta?'

Manifesto é contra a interrupção do Programa de Fomento do Cinema Paulista, edital interrompido em janeiro

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São Paulo

Cento e quinze cineastas paulistas enviaram ao governo do estado um manifesto contra a interrupção do Programa de Fomento do Cinema Paulista na tarde desta quinta (18). O documento pede o prosseguimento do edital 2018/2019, aberto em outubro do ano passado e interrompido antes da reunião que elegeria os títulos contemplados entre os 140 inscritos.

Os signatários incluem realizadores como Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”), Cao Hamburguer (“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”) e Anna Muylaert (“Que Horas Ela Volta?”). O filme de Muylaert foi um dos quase 200 longas que receberam dinheiro do programa, que ainda ajudou a financiar títulos como “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, indicado ao Oscar de melhor animação em 2016.

Um dos organizadores do manifesto, Francisco Martins, que é vice-presidente da Apaci, a Associação Paulista de Cineastas, afirma que a reunião do júri foi cancelada em janeiro. No final de junho, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa solicitou aos jurados que entregassem sua lista pessoal de projetos, para que recebessem honorários e tivessem seus contratos quitados. “Na prática, isso significa o fim do edital”, diz.

Em nota, a secretaria afirma que o programa foi suspenso devido a uma avaliação inédita e rigorosa de seus resultados e impactos e que sua prioridade são os projetos não pagos em gestões passadas. Além disso, informa que os editais do Proac Expresso lançados em 29 de junho deste ano para o audiovisual totalizam R$ 9,6 milhões, valor superior àquele proposto pelo Programa de Fomento, de R$ 6 milhões.

Martins argumenta que o Programa de Fomento Paulista era destinado especificamente à produção de longas, enquanto no edital do Proac Expresso, o valor destinado à mesma categoria é de R$ 4,8 milhões —a metade restante é reservada a séries, games, produção de conteúdo em realidade virtual e curtas.

“Pernambuco investe mais na produção cinematográfica do que São Paulo, assim como o Distrito Federal, mas somos o estado mais rico do país”, diz Martins.

O manifesto, agora aberto a outras assinaturas na internet, foi publicado no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a transferência da Ancine para Brasília e mudanças na pasta e na composição do Conselho Superior de Cinema.

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