Descrição de chapéu Flip

Flip anuncia projeto de artes plásticas, com início em 2019

Instalação 'No Ar' e performance 'Máquinas do Mundo' integram edição deste ano da festa literária

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São Paulo

A Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, anunciou a inauguração de um novo braço de artes plásticas.

Com início já nesta edição, que vai do dia 10 ao 14 deste mês, o projeto é mais um representante de uma programação que tem apostado em atividades que extrapolam as mesas de debate, como um torneio de slam, competição de poesia falada, e uma exibição de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” acompanhada de performance de Ava Rocha.

O módulo estreante foi batizado de Terra Nova, referência ao pedaço de terra que surgiu em frente à ilha de Paraty em decorrência do processo de sedimentação de areia na baía. E apresenta dois trabalhos ao longo da festa —a instalação “No Ar”, da paulistana Laura Vinci, e a performance “Máquinas do Mundo”, da Mundana Companhia de Teatro, a última encenada nos dias 12 e 13 no Mercado das Artes, próximo à praça da Bandeira.

A proposta deve, no entanto, ganhar mais estofo a partir da próxima edição da Flip, conta Mauro Munhoz, presidente da Associação Casa Azul, que organiza o evento. 

Ainda neste ano, eles pretendem nomear alguém para tocar o projeto —essa edição foi organizada por Fernanda Diamant, responsável pela programação como um todo—, além de inaugurar uma residência de arte contemporânea em Paraty. A obra desenvolvida ao longo do período será, então, exibida na festa.

“A razão maior da criação da Flip foi ativar os espaços públicos com cultura, dada a fragilidade das políticas públicas voltadas para a cultura no Brasil. E, nesse momento, achamos que dar autonomia às artes visuais pode sensibilizar as pessoas em relação à paisagem e a fazer uma leitura mais crítica do que está acontecendo”, diz Munhoz.

Os trabalhos expostos nesta edição não são, no entanto, inéditos. “No Ar”, por exemplo, foi criada há cerca de uma década e exibida em diversos países. A instalação funciona a partir de um sistema de alta pressurização de água, que gera uma névoa semelhante àquela que invade os cenários dos filmes noir. Daí, aliás, o trocadilho do título.

Na Flip, a obra ocupará a ponte que liga o centro histórico à parte nova da cidade, lugar de grande circulação. “A neblina torna pouco nítida a visão dos visitantes, fazendo com que eles precisem repensar para onde vão”, diz Vinci.

É nessa intimação à tomada de consciência do próprio corpo que a artista enxerga uma ligação do trabalho com o homenageado desta edição, o escritor Euclides da Cunha.

Além disso, ela afirma, o fato de que ele usa elementos naturais —a instalação gasta cerca de 820 litros de água por hora, retirados e depois devolvidos ao mar— dialoga com a primeira parte do livro mais conhecido do autor, “Os Sertões”, dedicada a descrições da natureza de Canudos.

Já a performance teatral “Máquinas do Mundo”, do núcleo de arte da Mundana, companhia da qual Vinci participa, tem uma conexão mais direta com literatura, uma vez que se inspira em textos dos escritores Machado de Assis, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade.

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