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Televisão

Inimigo de Seinfeld é a grande revelação de nova safra de série

Nesta temporada, o comediante recebe nomes como Eddie Murphy e Ricky Gervais

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Comedians in Cars Getting Coffee

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A nova temporada de “Comedians in Cars Getting Coffee”, com 12 episódios de cerca de 20 minutos cada um, tem ótimos momentos, que contrastam com outros menos interessantes. E uma revelação inusitada: Jerry Seinfeld, o cara mais afável do planeta, tem um arqui-inimigo. Mais sobre isso daqui a pouco.

Essa leva de entrevistas está mais bem produzida que as anteriores, com cenas antigas dos comediantes e passeios que vão além de uma lanchonete em que param para tomar café e continuar a conversa que começou no carro.

A primeira é uma das melhores. Num Porsche Carrera, Seinfeld pega Eddie Murphy em casa. Os dois têm muito em comum. Nasceram no Brooklyn, em Nova York, foram criados em Long Island e se apresentaram no clube Comic Strip, em Manhattan, na mesma semana, em 1976.

Murphy, surpreendentemente, não é muito engraçado na vida real. Está sério e compenetrado durante quase toda a conversa, fala devagar e com uma voz mais grave que a que usa nos filmes. E revela o medo que tem de voltar a fazer stand-up, apesar de ter um projeto nesse molde, do qual não dá detalhes. 

O programa mostra cenas dele no começo da carreira em clubes de Nova York, vestido dos pés à cabeça com roupas de couro colorido e com o estilo histriônico que virou sua marca registrada. De volta ao carro, ele faz imitações, entre elas a de Michael Jackson e Mike Tyson, impagáveis.

O encontro com Ricky Gervais rende dois ótimos capítulos, e no primeiro Seinfeld faz uma piada racista com chineses. Os dois riem, mas depois pensam se o melhor é cortá-la e deixá-la de fora da edição final ou se arriscam ofender mais de 1 bilhão de pessoas. 

A piada fica na conversa e rende comentários sobre os limites da comédia. Tema perfeito para Gervais, que já sofreu críticas por ofender famosos em shows e suas apresentações do Globo de Ouro.

A conversa mais fraca é com a comediante Melissa Villaseñor, do elenco de “Saturday Night Live”, que passa a maior parte do tempo rindo das coisas que seu entrevistado fala. Ela até arrisca umas imitações e se sai bem, especialmente na de Sandra Bullock jogando dominó, mas não é uma personagem interessante e parece não ter muito a dizer.

A grande revelação de Seinfeld acontece na única outra entrevista com uma mulher, Bridget Everett, que faz um estilo cabaré em suas apresentações. Num momento, ela conta que é amiga de uma pessoa cujo nome é coberto por um som e até sua boca é tampada por uma tarja preta na edição para o público não saber quem é. E Seinfeld perde a compostura, diz que odeia essa pessoa, que fala mal dele há anos. Diz que o comediante tem raiva dele porque não sabe fazer comédia, não tem talento nenhum e é um filho da puta, palavrão que também é escondido do público.

Everett vai ficando cada vez mais constrangida, e o telespectador cada vez mais curioso. O programa não revela o nome do fulano, mas uma busca simples na internet dá a resposta. O arqui-inimigo de Seinfeld é um ator e humorista bem menos conhecido, Bobcat Goldthwait, o Zed da série “Loucademia de Polícia”. 

O ódio de Seinfeld e sua capacidade de acabar com a reputação de um desafeto nunca tinha aparecido na série de entrevistas e é um grande momento dessa temporada.

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