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'O inteligentinho ultimamente tem falado muito de patinete', diz Pondé na Casa Folha

Para o colunista, seu conservadorismo se define por ser cético em política

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Paraty (RJ)

“O inteligentinho de esquerda é o que acha que andando de bicicleta vai salvar o mundo. O de direita é o que acha que sacou algo que só ele sacou, é aquele cara que acredita em mito.” Foi explicando um dos personagens mais conhecidos de suas colunas que Luiz Felipe Pondé começou sua participação na Casa Folha, na Festa Literária de Paraty.
 
O colunista da Ilustrada conversou com o jornalista e também colunista do caderno Maurício Meireles na manhã desta quinta (11), abrindo a programação da casa, que se estende até sábado (13).

Mesa "Quebrando o Coro dos Contentes", com Luiz Felipe Pondé e mediação de Mauricio Meireles, na Casa Folha
Mesa "Quebrando o Coro dos Contentes", com Luiz Felipe Pondé e mediação de Mauricio Meireles, na Casa Folha - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Segundo ele, quando começou a escrever sobre os inteligentinhos —“alguém que tem um repertório restrito mas que acha que tem muitas ideias corretas”— os leitores da coluna logo passaram a procurá-lo para dizer que reconheciam o personagem em conhecidos seus. “O inteligentinho ultimamente tem falado muito de patinete”, diz.
 
A mesa com Pondé intitulava-se Quebrando o Coro dos Contentes. Como o colunista explica no prefácio de seu novo livro, o título da mesa vem de uma conversa que teve com Otavio Frias Filho, ex-diretor de Redação da Folha, morto em agosto, a quem o volume é dedicado. “Saudades de Deus e Outros Textos”, que reúne colunas publicadas na Ilustrada selecionadas por Oscar Pilagallo, acaba de ser lançado pela Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha. Em 2008, quando foi convidado a escrever no jornal, ouviu de Otavio que estava sendo contratado para “quebrar o coro dos contentes”, contou Pondé na conversa.
 
“A ideia era criticar a imagem de grupos que se acham defensores do bem”, explica ele.
 
Pondé disse que seu conservadorismo se define por ser cético em política, “no sentido de desconfiar de grandes mudanças”, e quanto aos comportamentos humanos. "A virtude é tímida."

 Quando abordou o chamado marxismo cultural, termo que o professor de filosofia diz nunca ter usado em suas colunas, disse não acreditar que exista uma conspiração da esquerda para dominar as universidades. “A universidade é excessivamente devorada e destruída pela política institucional”, diz. “Na universidade as pessoas passam a maior parte do tempo disputando cargos políticos para garantir horas, viagens, congressos e poderes institucionais.”
 
“Na universidade, se você tem sucesso, você é odiado. Não é política, é inveja. Não é marxismo cultural, é pecado”, cravou, fazendo a plateia gargalhar.
 
Pondé costuma dedicar muitas das suas colunas a modas de comportamento, algumas das quais fazem parte do que chama marketing de comportamento, “atitudes que as pessoas desenvolvem para fazer os outros acreditarem que elas são de um determinado jeito”. Para Pondé, porém, não existe diálogo possível entre marketing e ética. “A vida tem uma dimensão promíscua, se você tem uma ética álcool gel você terá problemas. Você vai beijar na boca? E os vírus?”

Entre os espectadores, uma leitora perguntou como o colunista acha que consegue fazer sucesso “chutando a boca do estômago” do leitor. Pondé foi categórico: “As pessoas percebem que estou tratando-as como adultos”. Segundo ele, foi graças à intuição de Otavio Frias Filho que sua coluna fez sucesso, pois o então diretor de Redação percebeu que o método daria certo com o leitor. “Estamos acostumados a sermos enganados o tempo todo. Eu falo sério.”

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