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Álbum de Cássia Eller atesta sua relação visceral com a música

Disco póstumo mostra uma Cássia roqueira, mas conectada a outras gerações da MPB

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Todo Veneno Vivo

  • Onde Nas plataformas digitais e em CD duplo
  • Preço R$ 39,90
  • Autor Cássia Eller
  • Gravadora Universal Music

Discos póstumos formam um filão lucrativo no pop. Artistas que morrem deixando uma legião de fãs têm seus arquivos vasculhados em busca de material inédito. Com Cássia Eller não é diferente.

O baú de Cássia —cultuada mesmo depois de sua morte, em 2001— é aberto mais uma vez para “Todo Veneno Vivo”, CD duplo com registro de shows que ela fez em três noites de dezembro de 1997.

Em 1998, um álbum com performances desses shows foi lançado, “Veneno Vivo”. Era seu segundo disco ao vivo em dois anos, mas havia razão para o lançamento. Os shows que ela fez no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, mostravam sua conexão com o rock.

“Todo Veneno Vivo” reúne todas as músicas dos shows. A maior parte do repertório veio de Cazuza, mas inclui Rita Lee, Lobão e Renato Russo.

Ali ficava evidente como o vozeirão de Cássia parecia perfeito para um rock com pegada de blues. Seu cantar se divide entre gritaria, harmoniosa, vigor e um tom grave de lamento —veículo adequado para as letras de amor derramado de Cazuza.

Há momentos incríveis só revelados agora, como “Bete Balanço” e “Pro Dia Nascer Feliz”. A segunda ganha versão bem diferente da original, com trechos de dois sucessos dos Rolling Stones, “(I Can’t Get No) Satisfaction” e “Let’s Spend the Night Together”.

Essa brincadeira habitual de Cássia se repete em “Brasil”, que recebe versos de “Coisas Nossas”, de Noel Rosa. Um dos hinos de fossa etílica de Cazuza, “Por Que a Gente É Assim?”, traz citações de “Lama”, samba-canção de 1952.

O show, dirigido por Waly Salomão, mostra a Cássia roqueira, mas conectada a outras gerações da MPB, no que esta tem de contestadora.

“Todo Veneno Vivo” pode ser escutado como mais um documento da força vocal de Cássia. Mas, ao abraçar um repertório capaz de reunir “Vida Bandida” (Lobão) e “Farrapo Humano” (Luiz Melodia), atesta sua relação visceral com a música.

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