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Com sexto livro, saga 'Millennium' chega ao fim, diz editora sueca

Autor Stieg Larsson, morto em 2004, era ameaçado constantemente por grupos neonazistas

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Estocolmo | AFP

O livro "A Garota Marcada para Morrer" (Cia. das Letras, 408 págs., R$ 59,90) dá ponto final à saga policial sueca "Millennium" criada por Stieg Larsson ​e representa a despedida da carismática hacker Lisbeth Salander.

Publicado no fim de agosto simultaneamente em quase 30 países, o volume encerra um fenômeno de seis livros que formam uma apaixonante crítica social da Suécia contemporânea, com as ameaças do progresso tecnológico sobre as liberdades e a violência contra as mulheres. 

Com 100 milhões de exemplares vendidos em todo mundo, a saga "Millennium" foi criada por Stieg Larsson, jornalista investigativo especializado em movimentos de extrema direita. Ele morreu após um ataque cardíaco em 2004, pouco depois de entregar os originais dos três primeiros livros.

Larsson não testemunhou o gigantesco sucesso da saga, assim como suas adaptações para o cinema e para os quadrinhos. Também não viu a batalha jurídica pelos direitos autorais entre sua família e sua companheira.

Após a publicação dos três primeiros volumes —"Os Homens que Não Amavam as Mulheres" (Cia. das Letras, 528 págs., R$ 47,90); "A Menina que Brincava com o Fogo" (Cia. das Letras, 608 págs., R$ 47,90) e "A Rainha do Castelo de Ar" (Cia. das Letras, R$ 47,90, 688 págs.)—, outro escritor de sucesso, David Lagercrantz, assumiu o comando da saga com a aprovação do pai e do irmão de Larsson.

"A Garota na Teia de Aranha" (Cia. das Letras, 472  págs., R$ 49,90) e "O Homem que Buscava sua Sombra" (Cia. das Letras, 360 págs., R$ 49,90) venderam 14 milhões de exemplares.

 

Após o sexto e último livro, "acabou", disse David Lagercrantz.

"Mas estou convencido de que Lisbeth é imortal e que continuará vivendo de uma forma, ou de outra, na televisão, no cinema, ou em outros livros", disse.

"Millennium" é, sobretudo, a personagem Lisbeth Salander, hacker brilhante, anti-heroína punk, bissexual, vítima da violência machista, uma desajustada social, que faz justiça por fora do sistema, de forma definitiva.

Sua contraparte masculina é o jornalista Mikael Blomkvist, diretor da revista Millennium, ao qual Stieg Larsson atribuiu suas obsessões, seu gosto pelos arquivos e nomenclaturas, assim como sua aversão ao materialismo e ao abuso de poder.

No sexto livro, Lisbeth está em Moscou para acertar contas definitivas com a família, em uma história que tem como pano de fundo um cenário de "fake news", assédio virtual, manipulações genéticas e perseguição aos homossexuais na Tchetchênia.

O escritor David Lagercrantz, em 2015 - Jonathan Nackstrand/AFP

Em seu site, a editora sueca Nordstedts garante que o volume seis é "o último da série 'Millennium'".

A companheira de Stieg Larsson, Eva Gabrielsson, rebelou-se quando Lagercrantz, filho de um intelectual de classe alta, assumiu o controle da série criada por um jornalista militante, nascido no interior, muito comprometido com a esquerda. Eva ficou, porém, sem voz, ou voto, ao perder a batalha legal. Foi excluída da sucessão, porque não era casada com Larsson.

David Lagercrantz não lamenta nada. "Observando em perspectiva, fiz bem em continuar [a obra de Stieg Larsson]. Isso jogou luz sobre os livros e sobre sua ação política", alegou.

O autor anunciou que pretende utilizar a turnê de promoção para alertar sobre as "ameaças contra a democracia".

Larsson, que escrevia para a revista antirracista sueca Expo e era ameaçado constantemente por grupos neonazistas, "compreendeu antes de todos os perigos da extrema direita", destaca Lagercrantz.

Biógrafo do jogador de futebol Zlatan Ibrahimovic e do matemático Alan Turing, Lagercrantz deseja virar a página da saga "Millennium".

"Três livros é exatamente o que precisava. Se continuasse, teria sido antes de tudo por hábito", afirma o autor.

"É enorme e me sinto feliz de ter conseguido aprofundar o mito", completa.

"A Garota Marcada para Morrer" recebeu críticas mornas."É um final aceitável, mas agora basta", escreveu o jornal sueco Svenska Dagbladet.

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