O diretor francês Luc Besson tem uma fixação. Adora colocar armas nas mãos de mocinhas bonitas. Agora é a vez de Sasha Luss, atriz e modelo russa que exibe caras, bocas e técnicas de luta em "Anna - O Perigo Tem Nome", mais um eficiente filme de ação no currículo do cineasta.
É impossível negar as semelhanças entre o novo filme e um dos maiores sucessos do diretor, "Nikita - Criada para Matar" (1990), com Anne Parillaud. O sucesso da história de uma jovem transformada em assassina profissional foi tremendo. O longa ganhou uma refilmagem americana, "A Assassina" (1993), com Bridget Fonda, e uma série de TV, "La Femme Nikita" (1997-2001), com Peta Wilson.
Mais uma vez, a heroína é uma garota tirada de um submundo de drogas e prostituição para, depois do devido treinamento intensivo, passar a ser uma máquina de matar. No caso, a serviço da KGB. A ação transcorre no fim dos anos 1990.
Uma opção que sempre pega bem nesse tipo de filme é escolher um veterano famoso, de talento reconhecido, para ser o tutor de jovens agentes. O tipo de papel que Samuel L. Jackson já cansou de fazer.
Em "Anna", a tarefa foi passada a Helen Mirren, e a dama inglesa se diverte como Olga, a durona e cínica chefe da KGB.
Há quase 30 anos, no lançamento de "Nikita", o comentário geral era que Besson sabia como poucos dirigir cenas de pancadaria. Num elogio com alguma dubiedade, críticas enalteciam o filme francês por ter lutas e perseguições que não deviam nada às produções de Hollywood.
Nesse quesito, o diretor continua em forma. A sequência da primeira missão de Anna, que é matar um mafioso num restaurante em Moscou, é de tirar o fôlego. Ela só vai descobrir tarde demais que dezenas de guarda-costas de seu alvo estão espalhados no local, e Anna reage de forma espetacular.
Sasha Luss é bonita de doer. Se é uma boa atriz, a resposta só virá em outros filmes dramaticamente mais exigentes. Em "Anna", seu rosto e seu corpo bastam para convencer no disfarce da personagem, que trabalha como modelo em Paris entre uma e outra missão perigosa.
Mas nem sempre uma atriz estonteante e o esmero técnico de Besson são suficientes para fazer bom cinema. Na ficção científica "Lucy" (2014), ele escalou Scarlett Johansson no papel de uma super-heroína e deixou a coisa desandar num roteiro constrangedor.
Em "Anna", a história é muito bem amarrada. Besson escolhe um caminho que sempre oferece risco aos roteiristas, que é criar um enredo cheio de reviravoltas, principalmente no trecho final. Em intervalos de poucos minutos, o desfecho muda de figura várias vezes. E as surpresas vingam, numa conclusão que obviamente abre possibilidade para o início de uma franquia com a personagem.
"Anna" não chega perto do Luc Besson genial de "Subway", "Imensidão Azul", "O Quinto Elemento" ou "A Profissional", no qual revelou Natalie Portman ainda garotinha. Mas é filme de ação para satisfazer qualquer fã de James Bond.
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