Tributo a Raul Seixas é evento oficial em cidade do Rio Grande do Norte

Chamado Maluquez Revisitada, tributo ocorre há 30 anos

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Ícaro Carvalho
Natal

A expressão “toca Raul!” tem um significado diferente em Ceará-Mirim, a 28 quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte. É lá que acontece, anualmente, o Maluquez Revisitada, um tributo a Raul Seixas, que morreu em 21 de agosto de 1989. O evento é promovido pelo artista Erivan Lima “Seixas”, de 55 anos,
roqueiro na cidade potiguar. 

O tributo surgiu em 1990, quando Erivan, junto dos amigos Eliel Silva e João Palhano, tiveram a ideia de celebrar a obra do músico baiano. O visual já era parecido, com cabelo e barba característicos. 
A primeira edição atraiu 300 espectadores. Mesmo em meio a dificuldades e desconfianças, o evento não parou mais. Atualmente, outras bandas são convidadas para agitar o show-tributo.

“O evento tinha aquela fama de só dar maconheiro. Uma grande parte perdeu o preconceito. Hoje movimenta a economia da cidade, hotelaria, pousadas, mercado público. Se você procurar hoje uma pousada para o tributo, você não consegue”, diz Erivan. 

O roqueiro, que no começo só organizava, passou a cantar, por pressão dos amigos, a partir da sétima edição. “Não imito a voz do Raul”, afirma.

Erivan conheceu o trabalho do músico quando ainda era jovem. Ao longo dos anos, reuniu um acervo que hoje conta com vinis —um deles é o disco “Let Me Sing My Rock and Roll”, que só teve mil cópias prensadas—, CDs, livros,  além de cartazes da única aparição do cantor em Natal, em 1983.

“Só lamento não ter tido contato com ele”, diz, lembrando-se de sua ida ao show. O fã expõe o seu acervo em todas as edições do encontro.

Quase 30 anos depois, o Maluquez Revisitada é um dos maiores eventos de Ceará-Mirim, cidade que conta hoje com 72 mil habitantes.

Em 2012, o evento conquistou um reconhecimento histórico —um decreto publicado no Diário Oficial da cidade oficializou o terceiro sábado de agosto como o Dia Municipal do Tributo a Raul Seixas.

“Não pretendo deixar [o evento] nunca. Sinto a mesma emoção desde o primeiro”, diz Erivan. No dia 
do tributo, o terminal da linha norte da cidade recebe um trem cheio de roqueiros que mantêm o hábito de ir ao evento a bordo do veículo leve sobre trilhos —uma referência à canção “O Trem das Sete”. 

A história do tributo é recheada de curiosidades. Erivan chegou a trocar cartas com a mãe de Raul, Maria Eugênia, na década de 1990, falando sobre o evento. A obra e a história do artista os mantiveram tão ligados a ponto de ela enviar um canivete e um trinco, pertencentes ao músico e cópias de certidões
de casamento, batizado e óbito, entre outros materiais.

Depois do show de 1983, a trajetória de Erivan ainda cruzaria com a de seu ídolo em outras duas ocasiões, de forma indireta.  Numa delas, da qual só foi se dar conta depois, descobriu que a americana Edith Wisner, primeira mulher do artista baiano, chegou a morar em Ceará-Mirim após o divórcio com o músico e tinha sido praticamente vizinha dele.

Na segunda delas, o potiguar foi confundido com Raul num Rock in Rio. Em 2011, um amigo alertou: “Você passou na TV”. Achou estranho, recorda. Mas de fato tinha acontecido. Num show do Detonautas, que homenageou Raul Seixas num breve momento, fotos apareciam no telão. Uma delas, no entanto, era de Erivan, que até hoje  ri dessa história.

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