Avesso à tecnologia, Jack White traz banda Raconteurs ao Popload Festival, em SP

Depois de um disco solo experimental, 'Boarding House Reach', do ano passado, White reuniu o grupo em 'Help Us Stranger'

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São Paulo

Jack White nunca teve um celular, mas só há pouco tempo ele aplicou a decisão que tomou na vida pessoal a seus shows. “No intervalo entre a banda de abertura e meu show, as pessoas conversam umas com as outras”, brinca. “Dá pra imaginar?”

Neste ano, o ex-líder do White Stripes reativou um de seus projetos, o Raconteurs, com quem lançou um disco de inéditas e toca no Popload Festival, em São Paulo. No show no Brasil, em novembro, os celulares estarão liberados.

“No começo, achei que as pessoas iam odiar não ter o telefone. Mas no Japão, na Austrália, nos Estados Unidos, todo mundo está amando”, ele diz. “A única reclamação é não saber que horas são, porque ninguém mais usa relógio.”

Essa é só uma das características que faz White ser visto como antitecnologia. Ele também grava em fita, prensa vinis em sua gravadora e faz um rock com um forte viés retrô.

“Fui burro de dizer às pessoas como faço as coisas”, assume. “Conheço músicos que gravam em fita, mas não saem nas entrevistas falando isso. Dizem que odeio tecnologia e computadores, mas é uma preferência. Um pintor pode preferir não usar óleo.”

Depois de um disco solo experimental, “Boarding House Reach”, do ano passado, White reuniu o Raconteurs em “Help Us Stranger”, com um rock de garagem mais direto. O álbum chegou depois de 11 anos de hiato do grupo. O reencontro com Brendan Benson, Jack Lawrence e Patrick Keeler, que completam a banda, segundo ele, foi natural.

“Foi legal perceber que as músicas continuavam sendo interessantes para nós”, afirma. “Você ouve histórias de pessoas que se reencontram e dizem: ‘A gente não era mais tão amigo, não conseguíamos ter direção, a música não soava bem’.”

Até por isso, “Help Us Stranger” soa mais espontâneo que os dois primeiros discos do Raconteurs, de 2006 e 2008. Na época, a banda abriu caminho para White no indie, depois do fim do White Stripes.

“Quando fizemos o primeiro e o segundo discos, éramos jovens e não tínhamos muito a perder”, recorda. “Agora, temos uma história. Tentamos não pensar em como íamos soar. Só sabíamos que se fizéssemos algo de que nós quatro gostássemos, isso seria o disco.”

White também lembra outra curiosidade —esta, no Brasil. Em 2005, ele se casou com a atriz Karen Elson numa canoa no encontro dos rios Negro e Solimões. Isso foi horas antes de um show com o White Stripes no Teatro Amazonas, em Manaus. Hoje, ele teme pela Amazônia. “[Essas queimadas] Quebram o coração.”

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