Black Eyed Peas se reinventa, abandona pop da era Fergie e retoma vibe hip-hop

Trio americano deixou para trás os tempos de hitmakers e diz querer apresentar suas origens aos fãs

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Amanda Cavalcanti
São Paulo

O primeiro show do grupo americano The Black Eyed Peas no Brasil foi em 2004, na hoje desativada Via Funchal, em São Paulo.

O quarteto, na época, havia acabado de lançar seu terceiro álbum de estúdio, “Elephunk”, que lhe rendeu alguns dos maiores hits da década passada: “Shut Up” e “Where Is the Love?”, que atingiram o topo das paradas dentro e fora dos Estados Unidos.

Nesta semana, o grupo retorna ao país pela sexta vez para duas apresentações, uma em São Paulo, no Ginásio do Ibirapuera, e outra no Rock In Rio. Desta vez, com uma configuração completamente diferente.

 
tres homens em retrato preto e branco
(esq. para dir.) Taboo, Will.I.Am. e Apl.De.Ap, integrantes do Black Eyed Peas - Divulgação

Com a saída da cantora Fergie, o Black Eyed Peas conta hoje apenas com seus membros originais, o trio de rappers Will.I.Am, Taboo e Apl.De.Ap. E seu último disco, “Masters of the Sun, Volume 1”, não carrega nem um terço do número de hits presente nos anteriores.

A mudança de formato, na verdade, é um retorno à forma para o grupo. A criação do Black Eyed Peas aconteceu em 1995, em Los Angeles, e seu som era inspirado pelo hip-hop underground da época. 

"Nós amávamos jazz e bossa nova. Gostávamos do som da costa oeste e conhecíamos os grupos de hip-hop de Los Angeles, mas o que nos encantava era A Tribe Called Quest e De La Soul”, fala Taboo sobre a influência do rap nova-iorquino no grupo.

A partir de “Elephunk”, porém, e com a adição de Fergie, o grupo passou a investir numa sonoridade mais pop e dançante. “Monkey Business” (2005), o álbum seguinte, rendeu ainda mais hits ao repertório do quarteto e carreiras paralelas a seus membros. Fergie lançou seu primeiro álbum solo no ano seguinte e Will.I.Am passou a produzir batidas para nomes como Justin Timberlake, Mariah Carey e Usher.

“Chegamos a incorporar dancehall, música eletrônica e até rock nos nossos álbuns. Sempre pudemos experimentar, mas nossa base é o hip-hop”, fala o artista.

Nos dois discos seguintes lançados pelo grupo, porém, sua fundação parecia estar cada vez mais distante. Faixas como “I Gotta Feeling” e “Boom Boom Pow”, apesar de imensamente populares, se assemelhavam bem mais à produção da dance music e EDM que dominava as paradas no final da década passada do que aos hits iniciais do Black Eyed Peas.

Mas em 2018, após oito anos sem lançar material inédito, o grupo decidiu que era hora de um retorno —em diversos sentidos. “No ano passado, nosso primeiro álbum completou 20 anos e percebemos que ele havia caído num fosso de esquecimento”, diz Apl. “Queríamos educar nossos fãs, apresentá-los às nossas origens.” 

Foi assim o nascimento de “Masters of the Sun, Volume 1”, um disco que volta a conversar com o hip-hop que deu origem ao grupo e tem participações de bastiões do gênero, como Nas e Slick Rick.

“Quando estávamos escrevendo o álbum, já tínhamos a certeza de que não seria para as paradas pop, mas para nós, para a nossa alma. Nós amadurecemos como produtores, então agora temos mais conhecimento sobre como fazer esse som”, complementa Apl.

O álbum também tem um verso de Phife Dawg, membro fundador do grupo nova-iorquino A Tribe Called Quest que morreu em 2016. “Gravamos cerca de um mês antes de ele morrer. Ele era não apenas uma inspiração como também um grande amigo, então é agridoce ter essa participação no álbum”, fala Will.I.Am.

O grupo se mostra ansioso e grato por voltar ao Brasil para as apresentações, como conta Taboo. “Vocês têm sido muito bons conosco ao longo dos anos, não apenas pelos shows, mas também pela cultura. Carnaval, capoeira, as pessoas, a música, a dança: o Brasil tem uma frequência que amamos e apreciamos."

The Black Eyed Peas

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